Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

Imagem
Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

OS NAMORADOS (Gonzaga Leão)


Primeiro eu os vi na praça
mas havia tantos pombos
que quando os vi se beijando
pensei que a praça arrulhava.

Depois eu os vi na praia
e porque um mar havia
eu não sei se eles se amavam
ou era o mar que gemia.

E os vi em outros lugares
em templos becos e bares
até que aconteceu

que mais do que os namorados
anoite sentiu-se grávida
e ai a manhã nasceu.

*Tijolo sobre tijolo/palavra sobre palavra 
(Imprensa oficial Graciliano Ramos 2012 - pg 59) 



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

BORBOLETAS (Mario Quintana)

TERCETOS (Olavo Bilac)

A Reunião dos Bichos (Antônio Francisco)

Essa Negra Fulô (Jorge de Lima)

Se Voltares (Rogaciano Leite)

Felicidade (Vicente de Carvalho)