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Mostrando postagens de outubro, 2013

Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Dimensão dos Sonhos (Mendonça Júnior)

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Antônio toma o teu veleiro e sai sem rumo certo, para o mais além, antes que o vento pare e a tarde acabe.

Em Pessoa (Emanuel Galvão)

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Revesti minha poesia De verbetes reluzentes Que brilhem fundo n'almas E as iluminem inteiramente, Mas a canção que acalma É a mesma da dor contundente Às vezes, métrica e rima Às vezes, apenas repente

A Missão (Sidney Wanderley)

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Todas as palavras e despalavras que haviam de ser ditas, malditas -todas-, já o foram. Mesmo o silêncio, fala sem voz, em seus inumeráveis disfarces e variações -todos-, já se fez.

Canto e Palavra (Affonso Romano de Sant'Anna / Eliezer Setton)

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Foto: Lícia Peixoto Todo homem é vário. Vário e múltiplo. Eu sou menos:  Sou duplo e me contento com o que sou.

Canto e Palavra (Affonso Romano de Sant'Anna)

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                1 Todo homem é vário . Vário e múltiplo. Eu sou menos: sou um duplo e me contento com o que sou. Fosse meu nome legião, meu destino talvez fosse a fossa e o abismo onde a vara de porcos me emborcou. Não sou tantos, repito, sou um duplo e me contento com o que sou .

Dualidade (Elisabeth Wolbeck)

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Em tudo nessa vida há em dois sentidos, dois modos. Como encima e embaixo, direita e esquerda, antônimos e sinônimos, tanto faz, você escolhe.

Escambo (Emanuel Galvão)

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  Acredito que o amor à primeira vista Possa parecer fascinante Acredito em amor a primeira vista! Mas não acredito que seja cego - amor finge que não vê – Porque se distrai Com coisas lindas e banais Porque o que os olhos não veem O coração não sente Acredite em amores inocentes Acredite em amores à primeira vista.

Bote Tempo (Eliezer Setton)

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E bote tempo que eu não sei dormir E bote tempo que eu não sei sonhar E bote tempo que eu não sei sorrir E bote tempo que eu só sei chorar E bote tempo que eu não tenho aonde ir E bote tempo que eu não sei pra onde voltar E bote tempo que eu só sei o que é sofrer E bote tempo nisso que ninguém me quer

Soneto dos Vinte Anos (Lêdo Ivo)

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Que o tempo passe, vendo-me ficar no lugar em que estou, sentindo a vida nascer em mim, sempre desconhecida de mim, que a procurei sem a encontrar.

Tempo e Movimento (Cavalcanti Barros)

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Viajor-comando, faz-me o pensamento. No sideral levito espaço em fora. Além postado, o conhecer, embora, em vão me ajude o parco entendimento.

Você (Jayme de Altavila)

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Você resume tudo o que sonhei na vida: Glória, beleza, amor, domínio, perfeição. Tudo o que persegui numa doida corrida, Tudo que me fugiu ao alcance da mão.

A Poesia Tem Seus Mistérios... (Bruna Lombardi)

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(...) A poesia tem seus mistérios e um jeito sorrateiro de vencer o tempo e chegar às pessoas. A poesia entra em quartos solitários e acompanha quem sente que não pertence, quem tem dúvidas, quem chora em travesseiros, quem erra, quem acerta, quem procura. A poesia é extraordinariamente generosa. A poesia entra clandestina onde alguém precisa dela e só faz bem.(...)

A Casa (Vinícius de Moraes)

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Era uma casa muito engraçada Não tinha teto, não tinha nada Ninguém podia entrar nela, não Porque na casa não tinha chão

Ausência (Vinicius de Moraes)

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Rio de Janeiro Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.

Desespero da Piedada [Trecho] (Vinícius de Moraes)

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(...) E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tende piedade das mulheres Castigai minha alma, mas tende piedade das mulheres Enlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheres Ulcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres! Tende piedade da moça feia que serve na vida De casa, comida e roupa lavada da moça bonita Mas tende mais piedade ainda da moça bonita Que o homem molesta - que o homem não presta, não presta, meu Deus!

Soneto de separação (Vinícius de Moraes)

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De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

Amor Amor ou Vinícius de Moraes (Fabrício Carpinejar)

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Há uma ideia do amor exclusivo. Como se houvesse uma única chance na vida de amar. Ou é o amor eterno, ou era mentiroso. Ou acontece pela vida inteira, ou não funcionou. E, quando acertamos um casamento, as opções anteriores são consideradas falsas – necessitamos apagar o passado. E, quando erramos um casamento, as opções anteriores são vistas como legítimas – desperdiçamos romances melhores. Trata-se de uma visão limitada, de contar apenas com um endereço para o nosso coração. Mas amor é cigano, amor é mambembe, amor é viageiro.

O Professor Instrutor e o Professor Educador (Miguel Almir L. de Araújo)

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Na cotidianidade das práticas educativas , duas posturas modulares podem ser encontradas naqueles que as conduzem: os que assumem o predomínio das características do papel de  professores instrutores  e os que se comprometem primordialmente com os propósitos de  professores educadores . São bastante relevantes e demarcadoras as diferenças entre as duas posturas. Os que “vestem a camisa” de professores instrutores assumem os encargos do papel de treinadores que viabilizam a profissionalização  dos indivíduos mediante conteúdos e técnicas estabelecidas de cunho funcional e pragmático. Desse modo, o que é prioritário é a instrução para os papéis sociais, para o domínio dos saberes técnicos e instrumentais que tendem a conformar e adaptar esses indivíduos aos padrões socialmente instituídos.

'Eu te convido...' (Marla de Queiroz)

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Eu te convido a experimentar escolher ao invés de esperar ser escolhido.  A arranjar um problema novo se não conseguir se focar numa solução para o antigo. Eu te convido a deixar ir quem te rejeita e se abrir para os que provavelmente estarão disponíveis afetivamente, para os que querem viver a mesma história que você.

Ou Isto Ou Aquilo (Cecília Meireles)

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. Ou se tem chuva e não se tem sol ou se tem sol e não se tem chuva! Ou se calça a luva e não se põe o anel, ou se põe o anel e não se calça a luva! Quem sobe nos ares não fica no chão, quem fica no chão não sobe nos ares. É uma grande pena que não se possa estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Romaria (Renato Teixeira)

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É de sonho e de pó   o Destino de um só Feito eu perdido em pensamentos sobre o meu cavalo   É de laço e de nó   De gibeira o jiló   Dessa vida, comprida, a só. Sou caipira pira pora Nossa Senhora De Aparecida Ilumina a mina escura e funda o trem da minha vida.

"Recordo ainda…" (Mario Quintana)

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VIII (Para Dyonelio Machado) Recordo ainda… e nada mais me importa… Aqueles dias de uma luz tão mansa Que me deixavam, sempre, de lembrança, Algum brinquedo novo à minha porta…

Poema 50 (Arriete Vilela)

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Esfiapo-me assim em palavras para que não me ardas na pele crestada: sob o sol e ao relento tenho buscado as migalhas de afeto com que vais marcando o caminho – pistas que farejo na solidão. também esfiapo o meu olhar e me lanço à proa dos barcos que atravessam a lagoa ao entardecer: carregam no casco despintado a rudeza dos meus afagos para que não se extinga no meu peito o voo intuitivo dos vaga-lumes. Esfiapo-me assim em versos para que me celebres no anonimato da tua vida.

A Noite Reinventada ( Francisco Valois)

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A noite se reinventa e a lua tece, na transparência azul do céu tarjado, a lírica canção de amor que, em prece, o vento me segreda.  Deslumbrado,

Encanto (Elizete Sartori)

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Pra você que nasce dentro de mim a cada dia. Pra você que no vazio pulsa e me traz vida. E me conduz a uma paixão alada, a se perder no universo de nós dois...  Canto Versos, no encanto de já não ser tão só.  

Visita da Lua (José Alberto Costa)

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A lua, ontem, visitou minha rua, demoradamente. Ficou admirada com as coisas que viu.

Menina da Beira (Adriana Moraes)

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Corre lá menina, Fala à teu povo e ensina Que o Rio cumpre sua sina. Vai menina correndo, Diz que o Velho Chico, Um pouco a cada dia, está morrendo.

Semeia (Cavalcanti Barros)

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Segura firme o cabo de tua enxada, se o chão se doa. Sulca a terra, se há nela o cio, e planta teu coração atá criar raízes.

Seiscentos e Sessenta e Seis (Mario Quintana)

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  A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas: há tempo… Quando se vê, já é 6ª-feira… Quando se vê, passaram 60 anos…

Somos Queijo Gorgonzola (Maitê Proença)

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Estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, só ouço isto. No táxi, no trânsito, no banco, só me chamam de senhora. E as amigas falam “estamos envelhecendo”, como quem diz “estamos apodrecendo”. Não estou achando envelhecer esse horror todo. Até agora. Mas a pressão é grande. Então, outro dia, divertidamente, fiz uma analogia. O queijo Gorgonzola é um queijo que a maioria das pessoas que eu conheço gosta. Gosta na salada, no pão, com vinho tinto, vinho branco, é um queijo delicioso, de sabor e aroma peculiares, uma invenção italiana, tem status de iguaria com seu sabor sofisticadíssimo, incomparável, vende aos quilos nos supermercados do Leblon, é caro e é podre. É um queijo contaminado por fungos, só fica bom depois que mofa. É um queijo podre de chique. Para ficar gostoso tem que estar no ponto certo da deterioração da matéria. O que me possibilita afirmar que não é pelo fato de estar envelhecendo ou apodrecendo ou mofando que devo ser desvalorizada. Sa

Solidão (Fátima Irene Pinto)

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Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... isto é carência. Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... isto é saudade.

Dois Dedos de Prosa (Marla de Queiroz)

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Tá vendo aquele moço ali, dona? É meu homem.Ninguém tem mais intimidade com o mato que ele.Ninguém tem mais intimidade com o mar que ele.Ninguém passeia em qualquer canto solitário dessa natureza de meu Deus com tanta tranquilidade.Nem parece que foi parido de um ventre, parece que brotou da terra. Depois dessas florestas e de todas essas águas que ele conhece, o lugar que ele mais prefere é meu corpo.Nossa querência é das enormes.Ele com essa cara de bravo, ninguém desconfia, que macho mais doce.Mas eu sei que nessa pele queimada de sol tem mar demais e uma fome escondida entre nossas quatro paredes, entre nossas pedras na cachoeira, entre nossas pausas pra comer o peixe que ele pescou e assou.Eu esperando todo o tempo, cuidando da casa, lavando as vasilhas, um pé apoiado no tornozelo, mania que tenho.Ele sempre chega por trás, tentando não fazer barulho, mas eu sinto antes e finjo que não percebi.Ele gosta de achar que tem o dom dessa surpresa. Esse moço, dona, já me deu traba