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Mostrando postagens de outubro, 2014

Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Conheço o Meu Lugar (Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes)

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(*) O que é que pode fazer o homem comum neste presente instante senão sangrar? Tentar inaugurar a vida comovida, inteiramente livre e triunfante? O que é que eu posso fazer com a minha juventude quando a máxima saúde hoje é pretender usar a voz? O que é que eu posso fazer um simples cantador das coisas do porão? Deus fez os cães da rua pra morder vocês que sob a luz da lua, os tratam como gente - é claro! - a pontapés. Era uma vez um homem e seu tempo... (Botas de sangue nas roupas de Lorca). Olho de frente a cara do presente e sei que vou ouvir a mesma história porca. Não há motivo para festa: ora esta! Eu não sei rir à toa! Fique você com a mente positiva que eu quero a voz ativa (ela é que é uma boa!) pois sou uma pessoa. Esta é minha canoa: eu nela embarco. Eu sou pessoa! (A palavra "pessoa" hoje não soa bem - pouco me importa!) Não! Você não me impediu de ser feliz! Nunca jamais bateu a porta em meu nariz! Ninguém é gente!

'Gostava de morar na tua pele...' (Manuel Alegre)

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Gostava de morar na tua pele ... desintegrar-me em ti e reintegrar-me não este exílio escrito no papel por não poder ser carne em tua carne. Gostava de fazer o que tu queres ser alma em tua alma em um só corpo não o perto e o distante entre dois seres não este haver sempre um e sempre o outro. Um corpo noutro corpo e ao fim nenhum tu és eu e eu sou tu e ambos ninguém seremos sempre dois sendo só um. Por isso esta ferida que faz bem este prazer que dói como outro algum e este estar-se tão dentro e sempre aquém. *Livro Sete Sonetos e Um Quarto