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Mostrando postagens com o rótulo Guilherme de Almeida

Das Vantagens de Ser Bobo (Clarice Lispector)

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  O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea o

ESSA QUE EU HEI DE AMAR... (Guilherme de Almeida)

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Mulher Caminhando Poto: Erian Stock Deviantart Essa que eu hei de amar perdidamente um dia, será tão loura, e clara, e vagarosas, e bela, que eu pensarei que é o sol que vem, pela janela, trazer a luz e calor a esta alma escura e fria. E, quando ela passar, tudo o que eu não sentia da vida há de acordar no coração que vela... E ela irá como o sol, e eu irei atrás dela como sombra feliz... —  Tudo isso eu me dizia, quando alguém me chamou. Olhei: um vulto louro, e claro, e vagaroso, e belo, na luz de ouro do poente, me dizia adeus, como um sol triste... E falou-me de longe: “Eu passei a teu lado, mas ia tão perdido em teu sonho dourado, meu pobre sonhador, que nem sequer me viste!”           (De Messidor, 1935)

XVII (Guilherme de Almeida)

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Eu em ti, tu em mim, minha querida, nós dois passamos despreocupados, como passa, de leve, pela vida,   um parzinho feliz de namorados. E assim vou, e assim vais. E, assim, unida à minha a tua mão, de braços dados, assim nós vamos, como quem duvida que haja, no mundo, tantos desgraçados. Um dia, para nós - não sei... quem sabe? -   é bem possível que tudo isto acabe, que sejas mais feliz, que eu fique louco... Mas nunca percas, nunca mais, de vista aquele moço sentimentalista que te quis muito e a quem quiseste um pouco!