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Mostrando postagens de maio, 2013

Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

A MANHÃ (José Minervino Neto)

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Traz as cores e as coisas, Desfaz o encoberto e o mistério. É a manhã, O dia.

'AI DAQUELES QUE SE AMARAM SEM NENHUMA BRIGA...' (Paulo Leminski)

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Ai daqueles que se amaram sem nenhuma briga aqueles que deixaram que a mágoa nova virasse a chaga antiga

CASA SOMENTE CANTO / CASA SOMENTE PALAVRA (Gonzaga Leão)

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“Eu sei que a casa escutava eu sei que a casa sentia pois quando falava a casa a casa se comovia”    Gonzaga Leão LEÃO, Luiz Gonzaga.  Casa somente canto -  Casa somente palavra.   São Paulo:              Escrituras, 1995.  85 p.  Capa e uma sobrecapa de papel manteiga. Formato             18x13 cm

RAZÃO DE SER (Paulo Leminski)

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Escrevo. E pronto. Escrevo porque preciso preciso porque estou tonto. Ninguém tem nada com isso.

SENTIR-SE AMADO (Martha Medeiros)

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O cara diz que te ama, então tá. Ele te ama. Sua mulher diz que te ama, então assunto encerrado. Você sabe que é amado porque lhe disseram isso, as três palavrinhas mágicas. Mas saber-se amado é uma coisa, sentir-se amado é outra, uma diferença de milhas, um espaço enorme para a angústia instalar-se. A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e verbalização, apesar de não sonharmos com outra coisa: se o cara beija, transa e diz que me ama, tenha a santa paciência, vou querer que ele faça pacto de sangue também? Pactos. Acho que é isso. Não de sangue nem de nada que se possa ver e tocar. É um pacto silencioso que tem a força de manter as coisas enraizadas, um pacto de eternidade, mesmo que o destino um dia venha a dividir o caminho dos dois. Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida, que zela pela sua felicidade, que se preocupa quando as coisas não estão dando certo, que sugere caminhos para melhorar, que coloca-se a postos para ouvir suas dúv

CORSÁRIO (João Bosco, Aldir Blanc)

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Meu coração tropical Está coberto de neve

QUANDO EU TIVER SETENTA ANOS (Paulo Leminski)

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quando eu tiver setenta anos então vai acabar esta adolescência vou largar da vida louca e terminar minha livre docência

JOSÉ E AGORA? (Dianini Lima)

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Nem um verso sofrido, Nem um lamento dolorido, Nem muito menos sorriso fingido. E agora José? Maria não chegou, João também não veio, Drummond nem combina mais.

JOSÉ (Carlos Drummond de Andrade)

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          E agora, José?           A festa acabou,           a luz apagou,           o povo sumiu,           a noite esfriou,           e agora, José?

RITUAL (Valmir Pimentel Amaral)

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Quando o amor vier, quero estar preparado, orgulhoso pela condição de ser um mortal. Vestir-me da minha nudez.  Imaculado corpo humano, provido do bem e mal.

ESTALO (Humberto AK'abal)

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Estalou teu silêncio e despertaste o louco que dormia na minha cabeça.

SOMOS CULPADOS PELO QUE FAZEMOS (Mário Quintana)

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Somos donos de nossos atos, mas não donos de nossos sentimentos;

LÍNGUA (Emanuel Galvão)

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Quisera fazer versos Como quem com ardor Beija uma mesma boca Buscando obter da mesma língua Novos e singulares universos.

MÃE (Caetano Emanuel Viana Teles Veloso)

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Palavras, calas, nada fiz Estou tão infeliz Falasses, desses, visse não Imensa solidão

O MENINO QUE CARREGAVA ÁGUA NA PENEIRA (Manoel de Barros)

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Tenho um livro sobre águas e meninos. Gostei mais de um menino que carregava água na peneira. A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele para mostrar aos irmãos. A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água O mesmo que criar peixes no bolso.

O QUERERES (Caetano Veloso)

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Onde queres revólver, sou coqueiro E onde queres dinheiro, sou paixão Onde queres descanso, sou desejo E onde sou só desejo, queres não E onde não queres nada, nada falta E onde voas bem alto, eu sou o chão E onde pisas o chão, minha alma salta E ganha liberdade na amplidão

BRASIL COM P (Genival Oliveira Gonçalves - GOG)

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PESQUISA PUBLICADA PROVA PREFERENCIALMENTE PRETO POBRE PROSTITUTA PRA POLÍCIA PRENDER PARE PENSE POR QUÊ?

SOBRE A SAUDADE (Magno Francisco da Silva)

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Saudade não é metafísica da alma Tampouco substância do coração. Saudade é desejo de potência Ato sem mediação. Saudade é ser temporal No tempo da solidão. Movimento contínuo da vida Que nega a inflexão. Saudade é o próprio rio Que dói nos ossos de frio Em pleno calor do sertão. Copyright © 2013 by Magno Francisco da Silva All rights reserved.

POEMINHA COLORIDO (Rita Mendonça)

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Num dia AZUL Juntamos nossos corpos MORENOS Por sobre a VERDE relva Num enroscar contínuo de braços e pernas

PORQUE AS PESSOAS GRITAM? (Frei Edrian Josué Pasini)

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Um dia, um pensador fez a seguinte pergunta a seus discípulos: — Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas? — Gritamos porque perdemos a calma — disse um deles. — Mas por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado? — questionou novamente o pensador. — Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça — retrucou outro discípulo. E o mestre voltou a perguntar: — Então não é possível falar em voz baixa?

VELHICE (JAC das Alagoas)

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Não digo mais: “Hoje eu vou”, porque não tenho comando, já mandei, hoje não mando,

A SENHORITA (Emanuel Galvão)

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És a desconhecida que admiro e vejo Não sei se o teu coração tem flores Mas, certamente, há mel em teus beijos Encontrar-se-ão, nos sentimentos, amores. Desfilas pelas ruas sem perceberes o olhar Afã de quem, tímido e silente, te admira Pois és estrela, cativante e bela, a brilhar A senhorita que os deuses, de beleza, cobrira. Teus movimentos rítmicos, sensuais, donosos Beldade que a natureza em vida fez delicada E revestiu de singelos dotes, tão formosos. A mesma que deseja, com naturalidade, ser amada O enlevo de uma fêmea traduzindo uma flor Bem-aventurado aquele a quem chamares de amor. Copyright © 2007 by Emanuel Galvão All rights reserved.

'UMA OSTRA QUE NÃO FOI FERIDA NÃO PRODUZ PÉROLAS' (Rubem Alves)

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'Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas.' Pérolas são produtos da dor; resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou grão de areia. Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada nácar. Quando um grão de areia a penetra, ás células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, uma linda pérola vai se formando. Uma ostra que não foi ferida, de modo algum produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.

'ATÉ QUE A MORTE...' (Rubem Alves)

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De vez em quando o diabo me aparece e temos longas conversas. Em nada se parece com o que dizem dele: rabo, chifres, patas de bode e cheiro de enxofre. Cavalheiro de voz mansa e racional, bem vestido, apreciador de desodorantes finos, me surpreende sempre pela lógica dos seus argumentos. Nada de futilidades. Só fala sobre o essencial, estilo que aprendeu com Deus, nos anos em que foi seu discípulo. Percebi que era ele quando notei que trazia na sua mão direita o martelo e, na esquerda, a bigorna. Pois esta é a sua missão: martelar as certezas, ferro contra ferro, para ver se sobrevivem ao teste. Já se preparava para dar a primeira martelada quando o interrompi: - Que é isto que você vai bater? Acho que vai se partir em mil pedaços…

ESTATUTO DO HOMEM (Thiago de Mello)

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Artigo I Fica decretado que agora vale a verdade. agora vale a vida, e de mãos dadas, marcharemos todos pela vida verdadeira. Artigo II   Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive as  terças-feiras mais cinzentas, têm direito a converter-se em manhãs de domingo.  Artigo III  Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança. Artigo IV  Fica decretado que o homem não precisará nunca mais duvidar do homem. Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento, como o vento confia no ar, como o ar confia no campo azul do céu.  Parágrafo único:  O homem, confiará no homem como um menino confia em outro menino. Artigo V  Fica decretado que os homens estão livres do jugo da mentira. Nunca mais será preciso usar a couraça do silêncio nem  a armadura

TRANSPARENTES VISÕES (Ronaldo Bello)

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De repente paro... E fico a olhar uma pequena janela, Onde vejo um rosto desfigurado e sem ânimo até para sorrir.

O ÚLTIMO AMAR (Valmir Pimentel Amaral)

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Amanhã, virás aqui, solícita, pedindo-me a minha mão para ajudar-te nos intentos que te fazem mais mulher e, a mim, mais homem. Sou eu a tua lâmpada, o perfeito gênio que te satisfaz nas horas mais frementes.