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Mostrando postagens de novembro, 2013

Das Vantagens de Ser Bobo (Clarice Lispector)

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  O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea o

Canção do Tamoio - Natalícia - (Gonçalves Dias)

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Rodolfo Amoedo (Salvador, 11 de dezembro de 1857 — Rio de Janeiro, 31 de maio de 1941) I Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar.

'Os que sonham...' (Edgar Allan Poe / Joseli Rego Lopes - Tradução)

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'Os que sonham de dia são conscientes de muitas coisas que escapam aos que sonham somente à noite.' Edgar Allan Poe Tradução: Joseli Rego Lopes 'Los que sueñan de día son conscientes de muchas cosas que escapan a los que sueñan sólo de noche' Edgar Allan Poe Those who dream by day are cognizant of many things which escape those who dream only by night. Edgar Allan Poe , "Eleonora" US short story author, editor, & poet (1809 - 1849)

Canção Mínima (Cecília Meireles)

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No mistério do sem-fim equilibra-se um planeta. E, no planeta, um jardim, e, no jardim, um canteiro; no canteiro uma violeta, e, sobre ela, o dia inteiro, entre o planeta e o sem-fim, a asa de uma borboleta

Verdades e Mentiras (Jaime Alem)

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O meu amor é bonito de se ver De se tocar e sentir Quando ele vem com a calma de um deus Os olhos de uma fera, os braços de um ateu É tão bonito

Mantra - 'Eu me torno emocionalmente saudável...' (Marla de Queiroz)

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Eu me torno emocionalmente saudável quando consigo desconstruir todas as tolices sobre amores salva-vidas e jogar a ideia surreal do príncipe encantado no lixo. Eu me torno emocionalmente saudável quando acredito que namorar deve ser leve mesmo quando intenso, e divertido mesmo quando há um sério comprometimento. Eu me torno emocionalmente saudável quando o que me ocupa é a minha vida e não a reação que tenho ao comportamento alheio. Eu me torno emocionalmente saudável quando percebo que determinada história não me abrange, me deixa inadequada, fere a minha autoestima e sinto que isto é o suficiente para eu tentar ser feliz e me abrir para outras possibilidades. Eu me torno emocionalmente saudável quando escolho os meus parceiros pelo que me agregam de luz e crescimento, não pelo desafio que me trazem quando se mostram emocionalmente indisponíveis ou abertos para viverem outras relações que não a nossa. Eu me torno emocionalmente saudável quando me permito ficar sozinha até atra

Acordo Pecado (Lelê Teles)

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por que você quer que eu use vermelho? pra te ver melhor e por que às vezes insiste que eu use verde? pra te ver de perto e se eu me despir daquele vestido vinho? eu me embriago de você

Saiba (Arnaldo Antunes)

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Saiba, Todo mundo foi neném Einstein, Freud e Platão também Hitler, Bush e Sadam Hussein Quem tem grana e quem não tem Saiba: Todo mundo teve infância Maomé já foi criança Arquimedes, Buda, Galileu e também você e eu

Oração (Leo Fressato)

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Meu amor essa é a última oração Pra salvar seu coração Coração não é tão simples quanto pensa Nele cabe o que não cabe na despensa Cabe o meu amor! Cabem três vidas inteiras Cabe uma penteadeira Cabe nós dois

Essa Negra Fulô (Jorge de Lima)

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Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô! Essa negra Fulô Essa negrinha Fulô! ficou logo pra mucama pra vigiar a Sinhá, pra engomar pro Sinhô! Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) vem me ajudar, ó Fulô, vem abanar o meu corpo que eu estou suada, Fulô! vem coçar minha coceira, vem me catar cafuné, vem balançar minha rede, vem me contar uma história, que eu estou com sono, Fulô! Essa negra Fulô! "Era um dia uma princesa que vivia num castelo que possuía um vestido com os peixinhos do mar. Entrou na perna dum pato saiu na perna dum pinto o Rei-Sinhô me mandou que vos contasse mais cinco". Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! Vai botar para dormir esses meninos, Fulô! "minha mãe me penteou minha mad

Respeite Meus Cabelos, Brancos (Chico César)

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Respeitem meus cabelos, brancos Chegou a hora de falar Vamos ser francos Pois quando um preto fala O branco cala ou deixa a sala Com veludo nos tamancos

Mulher Negra - Consciência Negra É Consciência Humana - (Adriana Moraes)

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Foto: Emanuel Galvão Sou uma mulher negra! Pra elaborar essa sentença foram necessários muitos anos, até eu tomar consciência do que sou e ainda um pouco mais de tempo para ter orgulho disso. Fácil dizer que consciência negra não é necessária e sim, consciência humana. Mentira! É fundamental ter consciência negra e ter orgulho, sobretudo. Quem fala isso nunca viu uma criança negra na escola pública respondendo a um questionário, se dizendo branca. Ou mesmo uma garota negra que fotografou sua “marquinha do biquíni” para provar que não é negra. Ou ainda, perceber uma criança negra, aceitar ser chamada de moreninha, mulata (mulato=cor de mula), parda... só pra ser aceita numa sociedade mestiça, mas que ainda não largou os costumes escravocratas.

Kizomba, Festa da Raça (Rodolpho / Jonas / Luiz Carlos Da Vila)

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Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra reúne brasileiros de todos os estados  na Serra da Barriga -  União dos Palmares - AL Foto: Jacqueline Freitas/FCP Valeu Zumbi O grito forte dos Palmares Que correu terras céus e mares Influenciando a Abolição Zumbi valeu Hoje a Vila é Kizomba É batuque, canto e dança Jogo e Maracatu Vem menininha pra dançar o Caxambu Vem menininha pra dançar o Caxambu Ô ô nega mina Anastácia não se deixou escravizar

Hino À Bandeira (Francisco Braga / Olavo Bilac)

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Salve lindo pendão da esperança! Salve símbolo augusto da paz! Tua nobre presença à lembrança A grandeza da  Pátria   nos traz. Recebe o afeto que se encerra em nosso peito juvenil, Querido símbolo da terra, Da amada terra do Brasil! 

Zumbi (Gilberto Passos Gil Moreira - Gilberto Gil)

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Zumbi, comandante guerreiro Ogunhê, ferreiro-mor capitão Da capitania da minha cabeça Mandai a alforria pro meu coração Minha espada espalha o sol da guerra Rompe mato, varre céus e terra A felicidade do negro é uma felicidade guerreira Do maracatu, do maculelê e do moleque bamba

Canto Das Três Raças (Mauro Duarte E Paulo César Pinheiro)

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Serra da Barriga - União dos Palmares - AL Foto: José Marcelo Pereira Ninguém ouviu Um soluçar de dor No canto do Brasil Um lamento triste Sempre ecoou Desde que o índio guerreiro Foi pro cativeiro E de lá cantou Negro entoou Um canto de revolta pelos ares No Quilombo dos Palmares Onde se refugiou Fora a luta dos Inconfidentes Pela quebra das correntes Nada adiantou E de guerra em paz De paz em guerra Todo o povo dessa terra Quando pode cantar Canta de dor ô, ô, ô, ô, ô, ô ô, ô, ô, ô, ô, ô ô, ô, ô, ô, ô, ô ô, ô, ô, ô, ô, ô E ecoa noite e dia É insurdecedor Ai, mas que agonia O canto do trabalhador Esse canto que devia Ser um canto de alegria Soa apenas Como um soluçar de dor *Saiba mais sobre Zumbi, Ganga Zumba e o Quilombo dos Palmares, click  aqui:

O Caderno (Antonio Pecci Filho - Toquinho / Lupicínio Moraes Rodrigues - Mutinho)

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Sou eu que vou seguir você Do primeiro rabisco Até o be-a-bá. Em todos os desenhos Coloridos vou estar A casa, a montanha Duas nuvens no céu E um sol a sorrir no papel...

Homem (Emanuel Galvão)

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Bicho esquisito, esse homem Mais parece um menino Leva a vida sorrindo Pintando o sete, mil cores Fazendo poemas, de amores E, brincando cedo de homem.

Canção na Plenitude (Lya Luft)

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Não tenho mais os olhos de menina nem corpo adolescente, e a pele translúcida há muito se manchou. Há rugas onde havia sedas, sou uma estrutura agrandada pelos anos e o peso dos fardos bons ou ruins. (Carreguei muitos com gosto e alguns com rebeldia.) O que te posso dar é mais que tudo o que perdi: dou-te os meus ganhos.

Germen de Trigo (Lelê Teles)

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Dormi a gosto, acordei Setembro. Na primeira manhã do mês da primavera, ela se espreguiçou na cama como uma flor que desabrocha.  O pólen que perfuma o seu corpo-pétala lufava no espaço tênue do quarto. Ela me deu uma abraço cheio de beijos. - Bom dia, flor! - Bom dia, amor! Ela sorriu com os olhos. Eu gargalhei com o coração. Fui à varanda e trouxe um cravo que tirei do vaso e o coloquei atrás de sua orelha. Ela meneou a cabeça com os olhinhos infantis e puros.

Rotina (Criação: Paulo Leite, Rodrigo Vezzá, Daniel Mattos e Sigueru Hashimoto)

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A ideia é a rotina do papel   O céu é a rotina do edifício   O inicio é a rotina do final   A escolha é a rotina do gosto   A rotina do espelho é o oposto

Cultura (Arnaldo Antunes)

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O girino é o peixinho do sapo. O silêncio é o começo do papo.   O bigode é a antena do gato. O cavalo é o pasto do carrapato.

Poética (Manuel Bandeira)

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Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e manifestações de apreço ao Sr. Diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo. Abaixo os puristas Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais Todas as construções sobretudo as sintaxes de excepção Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis Estou farto do lirismo namorador Político Raquítico Sifilítico De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo De resto não é lirismo Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbados O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare – Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

Aos Poetas Clássicos ("Patativa do Assaré" - Antônio Gonçalves da Silva)

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Poetas niversitário, Poetas de Cademia, De rico vocabularo Cheio de mitologia; Se a gente canta o que pensa, Eu quero pedir licença, Pois mesmo sem português Neste livrinho apresento O prazê e o sofrimento De um poeta camponês. Eu nasci aqui no mato, Vivi sempre a trabaiá, Neste meu pobre recato, Eu não pude estudá. No verdô de minha idade, Só tive a felicidade De dá um pequeno insaio In dois livro do iscritô, O famoso professô Filisberto de Carvaio. No premêro livro havia Belas figuras na capa, E no começo se lia: A pá — O dedo do Papa, Papa, pia, dedo, dado, Pua, o pote de melado, Dá-me o dado, a fera é má E tantas coisa bonita, Qui o meu coração parpita Quando eu pego a rescordá. Foi os livro de valô Mais maió que vi no mundo, Apenas daquele autô Li o premêro e o segundo; Mas, porém, esta leitura, Me tirô da treva escura, Mostrando o caminho certo, Bastante me protegeu; Eu juro que Jes

Conta e Tempo (Frei António das Chagas - (1631-1682))

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Deus pede estrita conta de meu tempo. E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta. Mas, como dar, sem tempo, tanta conta Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Fado Tropical (Chico Buarque / Ruy Guerra)

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Oh, musa do meu fado Oh, minha mãe gentil Te deixo consternado No primeiro abril Mas não sê tão ingrata Não esquece quem te amou E em tua densa mata Se perdeu e se encontrou Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Poema "Sabe, no fundo eu sou um sentimental Todos nós herdamos no sangue lusitano uma boa dosagem de lirismo ( além da sífilis, é claro). Mesmo quando as minhas mãos estão ocupadas em torturar, esganar, trucidar Meu coração fecha os olhos e sinceramente chora..." Com avencas na caatinga Alecrins no canavial Licores na moringa Um vinho tropical E a linda mulata Com rendas do alentejo De quem numa bravata Arrebata um beijo Ai, esta terra ainda vai cumprir seu ideal Ainda vai tornar-se um imenso Portugal Soneto "Meu coração tem um sereno jeito E as minhas mãos o golpe duro e presto De tal maneira que, depois de feito Desencontrado, eu mesmo me contesto. Se trago as mãos distantes do m

Cântico Negro (José Régio)

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“Vem por aqui” — dizem-me alguns com os olhos doces Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom que eu os ouvisse Quando me dizem: “vem por aqui!” Eu olho-os com olhos laços, (Há, nos olhos meus, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali… A minha glória é esta: Criar desumanidades! Não acompanhar ninguém. — Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre à minha mãe Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos… Se ao que busco saber nenhum de vós responde Por que me repetis: “vem por aqui!”? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí… Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?… Corre, nas vossas veias, sangue vel

Percebi, que... (Marla de Queiroz)

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Percebi que, na maioria das vezes em que sofro, é por causa de uma sensação de inadequação. É como se eu não conseguisse cuidar direito da minha vida, do meu mundo, da minha rotina, de mim mesma. E passo o dia esperando que chova ou faça sol porque pode ser “culpa” do cenário que não está combinando com o meu estado de espírito naquele momento. Tolice... Logo amanhece e fica tão claro que o Universo não tem absolutamente razão ou possibilidade alguma de se adequar a mim. Eu tenho que me adequar às mudanças constantes_ enormes, bruscas ou sutis e pequenas_ mas sempre relevantes, contínuas. Hoje eu acordei mais adequada, excentricamente adequada. E passei o dia me divertindo com a minha exuberância emocional. E leve, leve, porque tudo é tão breve. E o dia acabou, e no sábado fez sol, e no domingo choveu e a segunda-feira, para muitos, foi mais um dia preguiçoso, e para mim, uma semana em branco começando. Tudo tão irresistível, dias versáteis com calor e frio e a possibilidade de

Antônio Preto (Geraldino Brasil)

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. Nestes sonetos vos lembrar eu venho, um dos heróis anônimos do norte. O Antônio Preto que sorria à morte. O Antônio Preto, domador do engenho.

Manhã de Primavera (Lelê Teles)

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Primavera é toda feminina, é quando a flora inteira se junta para parir flores e gestar frutos. A cidade começa a colorir, florir, jactar-se.

Precauções Inúteis (Lêdo Ivo)

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Quem tapa minha boca, não perde por esperar. O silêncio de agora amanhã é a voz rouca de tanto gritar.

Preparação da Manhã (Gonzaga Leão)

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É duro dizer, criança filho do triste operário do sofrido camponês que em vez dos belos brinquedos que te fariam feliz, dar-te-ei canhões fuzis e a noite feita de medo; contar-te-ei em segredo (não histórias pra dormir) que neste imenso país somente o rico é feliz só o rico tem porvir; e contar-te-ei também que o pão que falta em teu prato sobra no prato de alguém; que tua roupa nenhuma não mais serve a quem a tem.