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Mostrando postagens de setembro, 2013

Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

Primeira Lição (Lêdo Ivo)

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Na escola primária Ivo viu a uva e aprendeu a ler. Ao ficar rapaz Ivo viu a Eva e aprendeu a amar.

POR QUE ALAGOAS SANGRA? (Jeová Santana)

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ANPUH-AL (À memória dos 1.146 assassinatos até o fechamento deste poema) Porque não ouviu as chaleiras sonoras de Hermeto Pascoal Porque não sentiu os desgostos de filha de Djavan Porque não chorou com o mundo coberto de penas de Graciliano Ramos Porque não leu o cavalo de chamas que lia a mesma página de Jorge de Lima Porque não dividiu a solidão do morto e da lua de Jorge Cooper Porque não se espantou com os malabares concretos de Edgar Braga Porque não se irmanou à bruteza ternura de Jofre Soares Porque não ouviu o canto denúncia de Bye Bye Brasil de Cacá Diegues Porque não mergulhou no azul piscina de Carlos Moura Porque não atentou para os volteios atonais de Chau do Pife Porque não se ligou no pandeiro nega fulô de Rogério Dias Porque não deu lugar ao baticum solar de Carlos Bala Porque não compartilhou o amor aos loucos de Nise da Silveira Porque não sorriu com a siribobéia de Eliezer Setton Porque não percebeu a trilha gonzaguiana de Tião Marcolino Porqu

Se tu viesses ver-me hoje a tardinha (Florbela Espanca

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Se tu viesses ver-me hoje à tardinha, A essa hora dos mágicos cansaços, Quando a noite de manso se avizinha, E me prendesses toda nos teus braços...

Liberdade (Carlos Marighella)

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Não ficarei tão só no campo da arte, e, ânimo firme, sobranceiro e forte, tudo farei por ti para exaltar-te, serenamente, alheio à própria sorte. Para que eu possa um dia contemplar-te dominadora, em férvido transporte, direi que és bela e pura em toda parte, por maior risco em que essa audácia importe. Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma, que não exista força humana alguma que esta paixão embriagadora dome. E que eu por ti, se torturado for, possa feliz, indiferente à dor, morrer sorrindo a murmurar teu nome. São Paulo, Presídio Especial, 1939.

Barro Nosso de Cada Dia (Adriana Moraes)

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Barro nosso de cada dia... Seria assim que eu falaria do cotidiano. Desde que o Criador Supremo fez Sua obra divina e com um simples sopro nas narinas fez vida, O barro chamou-se poesia.

Ensinamento ( Adélia Prado )

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Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é.

'Eu Curto, Curtos' (Zema Silva Ferreira)

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Plantei felicidade em imensos  espaços vazios que me deste.  ... era a lua,  Tão majestosa - dona da noite,  A iluminar-me  Com seu sorriso.

Tempo que foge! (Ricardo Gondim)

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Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço. Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio. Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinária

Eu (Florbela Espanca)

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Eu sou a que no mundo anda perdida, Eu sou a que na vida não tem norte, Sou a irmã do Sonho, e desta sorte Sou a crucificada... a dolorida... Sombra de névoa ténue e esvaecida, E que o destino, amargo, triste e forte, Impele brutalmente para a morte! Alma de luto sempre incompreendida! Sou aquela que passa e ninguém vê... Sou a que chamam triste sem o ser... Sou a que chora sem saber porquê... Sou talvez a visão que Alguém sonhou, Alguém que veio ao mundo pra me ver E que nunca na vida me encontrou!

O Lado Quente do Ser (Antônio Cícero / Marina Lima)

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Eu gosto de ser mulher Sonhar arder de amor Desde que sou uma menina De ser feliz ou sofrer Com quem eu faça calor Esse querer me ilumina E eu não quero amor, nada de menos Dispense os jogos desses mais ou menos Pra que pequenos vícios Se o amor são fogos que se acendem sem artifícios Eu já quis ser bailarina São coisas que não esqueço E continuo ainda a sê-la Minha vida me alucina É como um filme que faço Mas faço melhor ainda do que as estrelas Então eu digo amor, chegue mais perto E prove ao certo qual é o meu sabor Ouça meu peito agora Venha compor uma trilha sonora para o amor Eu gosto de ser mulher Que mostra mais o que sente O lado quente do ser Que canta mais docemente

Ausência (Sophia de Mello Breyner)

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Num deserto sem água Numa noite sem lua Num país sem nome Ou numa terra nua

#Tuiteratura (Zema Silva Ferreira)

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  (Foto: Camila Pissaia/Sesc) #Resolvi ir caminhando pra casa. o mundo não é tão longe assim. #Entendia todos os sinais da economia, mas não os do coração. Infartou na Paulista. - Estes dois poemas foram incluídos na mostra Tuiteratura que aconteceu em São Paulo.

"Eu sei, mas não devia" (Marina Colasanti)

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Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

Hino de Alagoas (Luiz Mesquita / Benedito Silva)

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Praia da Barra de São Miguel veja mais  aqui: Alagoas, estrela radiosa, Que refulge ao sorrir das manhãs, Da República és filha donosa, Maga Estrela entre estrelas irmãs.

A rendeira (Adriano Espíndola)

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Na teia da manhã que se desvela a rendeira compõe seu labirinto, movendo sem saber e por instinto a rede dos instantes numa tela.

Última Carta (Emanuel Galvão)

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É-me difícil escrever-te com ternura Movido assim por desgastada saudade Culpando talvez a desventura De tê-la protegido da verdade

Queria Ser (Fabio Jr)

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Queria ser... Uma folha de papel em branco Onde as pessoas pudessem escrever o quanto elas são felizes ou não

Vida Reinventada (José Alberto Costa)

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À noite minh'alma percorre o infinito espaço das lembranças perdidas.

Desconstrução (Fellipe Figueiroa)

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Criou daquela vez como se fosse a última. Fez cada job seu como se fosse o único. Pensou o dia inteiro e ficou o máximo. Mandou pro atendimento num e-mail tímido.

Construção (Chico Buarque)

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Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Desabafo do Poeta (Manoel Cícero do Nascimento)

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No mundo da teimosia entre a tristeza e a arrogância, é tão triste a ignorância, tão cruenta e tão mordaz que a própria sabedoria de tudo sabendo tanto não pode saber do quanto o ignorante é capaz.  (Do poeta Manoel Cícero do Nascimento, alagoano de Coqueiro Seco, escrito no início dos anos 60, porém, muito atual) José Alberto Costa

MULHER POR EXCELÊNCIA (Emanuel Galvão)

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Esse macho, que me vem como ladrão Me rouba essa segurança de mulher Despreza-me com esse olhar de mansidão E me devora com seus beijos, quando quer.

MUDE (Edson Marques)

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Mude, mas comece devagar, porque a direção é mais importante que a velocidade.

CONSELHO (Adilson Bispo / Zé Roberto)

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Deixe de lado esse baixo astral, Erga a cabeça enfrente o mal, Que agindo assim será vital Para o seu coração.

SONETO (Aurélio Buarque de Holanda)

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Amar-te- não por gozo da vaidade, Não movido de orgulho ou de ambição. Não à procura da felicidade, Não por divertimento à solidão.