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Das Vantagens de Ser Bobo (Clarice Lispector)

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  O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea o

Velha manjedoura (Luciano Barbosa)

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  Noite fria e escura; céu tão triste. Tanto silêncio: as ruas estão de luto, A lua e estrelas lançam um brilho bruto, Quase parece que o viver não existe.

VELHA MANJEDOURA (Luciano Barbosa)

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  Noite fria e escura; céu tão triste. Tanto silêncio: as ruas estão de luto, A lua e estrelas lançam um brilho bruto, Quase parece que o viver não existe. O vento nada tinha de contente. As árvores, quietas, pareciam mortas. Das casas quase não se vêem as portas Pela falta de luz em sua frente. Quanta paz, quanta treva, quanta esperança; Palhas amontoadas tornam-se leito, Tudo no mais sublime amor é feito, Para a chegada da Vida e da Bonança. Tão Rico, mas por nos amar, fez-se pobre; Por ser luz, foi melhor nascer nas trevas; Um Rei nascido sobre secas ervas; Velha manjedoura, que local tão nobre   Que rude local: escuro e de oculta ternura, Esquecido pelo riso, sujo e apertado. Meu coração é tão qual assemelhado, Espera essa Luz Eternamente pura. Copyright © 2001 by Luciano Barbosa All rights reserved. *veja mais do autor  aqui:

ENCONTROS & DELÍRIOS (Luciano Barbosa)

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Ontem nos beijamos ardentemente; E ainda agora está bem presente O movimentar de cada beijo. Em meus braços seu corpo se contorcia; Saciava-me em sua boca macia; Murmurava palavras; quanto desejo...