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Mostrando postagens com o rótulo Ademir João da Silva

Vida Subjuntiva (Emanuel Galvão)

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Foto: Eduardo Matysiak / Futurapress / Folhapress E se essa rua fosse minha E se a gente brincasse E se a bola ninguém furasse E se nossa trave seu João não chutasse Se na pistola ninguém pegasse Se o policial no menino preto não atirasse   Se essa rua fosse minha E nela ninguém mandasse Parar, quando a gente passasse E os documentos mostrasse E nossa mão se levantasse E nossa voz não calasse   Se essa rua fosse minha E a gente se rebelasse Entendendo a luta de classe E da política analisasse Sua cruel e podre face E acabasse o disfarce Atacando quem atacasse A gente multiplicasse E por força desse repasse Toda opressão cessasse   E se essa rua fosse minha Não tua! Eu não morava na rua Eu não dormia na praça Não mostrava a pele nua Não vestia a minha desgraça   Ah! se você entendesse Se você percebesse Se se compadecesse E intercedesse E retrocedesse   Talvez meu mundo Não fosse tão im...

Olhos (Ademir João da Silva)

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Olhos que prendem como o visgo prende o passarinho Olhos que fazem perder-se o íntimo Olhos nítidos que fisgam para o seu cristalino Neste lago há redemoinhos Que engolem o coração Tesão, tensão, paixão Olhos da medusa? Com certeza olhos da deusa Olhos vivos Olhos craúna O que há no fundo destas minas? Rubis...topázio...destinos Que destino? Náufrago é, quem mergulha neles. Copyright © 2019 by Ademir João da Silva All rights reserved.

23 Horas (Ademir João da Silva)

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Luzes da cidade Gritos e gaitadas ao longe O trem de carga das 23 horas Esperança Ânsia Uma e outra reclamação Mosquitos amassados Asas quebradas Pernas quebradas Muriçocas fodidas no chão Voo repentinamente abortado Plasma não sugado Noite da cidade E uma lua nebulosa se ergue Preguiçosa Por trás de um pálido e fino lençol De nuvens E a baga tá lá, fria Os arredores, desertos de ninguém Com árvores negras, degraus e bancos de pedra Igualmente negros e despreocupados. São 23 horas. Copyright © 2019 by Ademir João da Silva All rights reserved.

Ela é Mar (Ademir João da Silva)

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Ela é mar que invadiu, inundou com corpo, alma, personalidade política, arte e eu, feito boca acanhada do Mundau ante o oceano  escancarei-me! virei ria* tresloucada e serelepe. Também ganhei mais sal mais gosto diante do mundo A minha cara? O meu cabelo?  A minha cabeça? Um delicioso cheiro de maresia lagunar  manguesina diversa da marítima -virei estuário- . É, ela é m a r que inundou afogou e eu, feito boca acanhada do Mundau ante o Atlântico alarguei-me! pra logo em seguida derrengar-me, jazer lá alagadiço meio tamponado e ofegante por alguns momentos imediatamente após a vaza da maré -menos água, menos sal agora- porém mais sabor e cor e tão úmido e tão cheiroso. Copyright © 2019 by Ademir João da Silva  All rights reserved.  * substantivo feminino Esteiro ou braço de rio, geralmente usado para navegação. ... Costa rasa do mar com recortes profundos (mais usada no plural):rias do mar. **Modelo...