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Das Vantagens de Ser Bobo (Clarice Lispector)

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  O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea o

A FORÇA DE UMA POESIA (Carmem Luiza)

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Semana passada num trecho de entrevista no programa da TV Escola,  abordando o incentivo à leitura em seus variados gêneros, o escritor Rubem Alves lembrou trecho do filme O carteiro e o poeta para dar exemplo da força que uma poesia pode ter. No filme, existe uma senhora, dona de um restaurante, que tem uma neta, uma moça muito bonita. Um rapaz da aldeia é apaixonado por ela e a velha vive a vigiar os dois... Certa noite, a jovem demora a chegar em casa e a avó fica louca de preocupação. Mal sabe que estão juntos na praia, mas na maior inocência, sem fazer nada demais. Assim que ela retorna ao restaurante, a avó pergunta: __ Aonde você estava? A moça conta a verdade. ___ Ele fez alguma coisa com você? __ continua, sacudindo-a. ___ Ele me disse uma poesia. A velha suspira: ___ Então você está perdida...