Vida Subjuntiva (Emanuel Galvão)
E se essa rua fosse minha
E se a gente brincasse
E se a bola ninguém furasse
E se nossa trave seu João não chutasse
Se na pistola ninguém pegasse
Se o policial no menino preto não atirasse
Se essa rua fosse minha
E nela ninguém mandasse
Parar, quando a gente passasse
E os documentos mostrasse
E nossa mão se levantasse
E nossa voz não calasse
Se essa rua fosse minha
E a gente se rebelasse
Entendendo a luta de classe
E da política analisasse
Sua cruel e podre face
E acabasse o disfarce
Atacando quem atacasse
A gente multiplicasse
E por força desse repasse
Toda opressão cessasse
E se essa rua fosse minha
Não tua!
Eu não morava na rua
Eu não dormia na praça
Não mostrava a pele nua
Não vestia a minha desgraça
Ah! se você entendesse
Se você percebesse
Se se compadecesse
E intercedesse
E retrocedesse
Talvez meu mundo
Não fosse tão imperfeito
Tão necessitado de mérito
Esse meu pretérito
Se eu não fosse tão dependente
Tão subordinado
Tão subjuntivo
Meu mundo não seria uma dúvida
Uma possibilidade,
Um mar de tanta incerteza a me confundir
Eu seria Zumbi, e seu grito de liberdade!
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