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Mostrando postagens com o rótulo Fabrício Carpinejar

Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

O Homem Vestido de Sol (Fabrício Carpinejar)

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Meu rei, o sertão nunca virou mar, mas palavras dos seus livros feitos para mirar longe e infinito, como canções de guerrear. E a palavra virou brasa e a brasa virou brasão de uma carta que só será aberta agora com sua morte.

Amor Amor ou Vinícius de Moraes (Fabrício Carpinejar)

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Há uma ideia do amor exclusivo. Como se houvesse uma única chance na vida de amar. Ou é o amor eterno, ou era mentiroso. Ou acontece pela vida inteira, ou não funcionou. E, quando acertamos um casamento, as opções anteriores são consideradas falsas – necessitamos apagar o passado. E, quando erramos um casamento, as opções anteriores são vistas como legítimas – desperdiçamos romances melhores. Trata-se de uma visão limitada, de contar apenas com um endereço para o nosso coração. Mas amor é cigano, amor é mambembe, amor é viageiro.

RUA DA PALAVRA (Fabrício Carpinejar)

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O marido bate na mulher quando não tem mais palavras. A mãe bate no filho quando não tem mais palavras. O motorista sai do carro para brigar quando não tem mais palavras. Manifestantes invadem lojas e depredam a cidade quando não tem mais palavras. A palavra é o último reduto da sensibilidade. A fronteira derradeira. Quem perde a palavra perde o respeito.

MINHA MULHER NÃO É FURACÃO (Fabrício Carpinejar)

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Adriana Galvão - Foto: Emanuel Galvão Você não é um furacão. Trata-se de uma cilada masculina. Não aceite ser nomeada desse jeito. Representa um falso cumprimento. Todo homem diz que a mulher é um furacão como projeção: é o que ele deseja da companhia, não é o que ela é. Pode soar sedutor, pode sugerir passionalidade, pode sugerir fogo e charme, porém é uma armadilha. Sua intenção não é boa. Furacão não é convidado. Furacão passa rápido. Furacão é somente sexo. Furacão é pressa. Furacão não tem endereço, nem infância. Furacão destrói lares, arrebenta relacionamentos. Furacão não chora, não se arrepende de colecionar vítimas. Furacão não pergunta duas vezes. Furacão não volta, não cria raízes, não se despede. Furacão é triste, solitário, assim como vulcão. Furacão é vazio, repetitivo, rancoroso. Furacão não deixa bilhetes, não tem recaídas. Chamar uma mulher de furacão é uma forma machista de s