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Das Vantagens de Ser Bobo (Clarice Lispector)

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  O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo. O bobo é capaz de ficar sentado, quase sem se mexer por duas horas. Se perguntando por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando." Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia. O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas humanas. O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski. Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea o

A Voz do Solo (Italmar Lamenha de Albertim)

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Queima sol, Esse chão sofredor; Sopra vento, Pra aliviar minha dor. Já não sei a que vim, Se nada produzo ou crio... Será castigo pra mim, Ou apenas desafio? Não chores tanto menina, Não tenhas mágoa de mim; Tua vaquinha morreu? Foi Deus que quis assim. Não tenho culpa da fome Que matou tua malhada; A árvore também está triste, Porque está desfolhada. Se matar a minha sede Tua lágrima pudesse, Viveria na fartura Quem tanto hoje padece. Vamos ter fé no Pai Que criou o universo; Que Ele entenda e perdoe O meu desabafo em verso. Copyright © 2018 by Italmar Lamenha de Albertim All rights reserved.

Luzes Matinais (Italmar Lamenha de Albertim)

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Vai a noite se escondendo pouco a pouco, Mas, deixando seu orvalho em cada flor, Em cada pétala imortal de toda cor, Que me tortura de saudade e deixa louco. Timidamente vem o sol e se apresenta, Cativando quem se dispõe a conhecê-lo, Seu calor energizante é todo zelo, E já amigo, ao fim do dia se ausenta. É assim com as pessoas que amamos, Quando a morte atroz nos priva do convívio; Seguem as flores que despencam dos seus ramos, Subitamente, como em busca de um alívio; Não mais partilham o mesmo ar que respiramos, Porém, são luzes matinais por quem oramos. Copyright © 2017 by Italmar Lamenha de Albertim All rights reserved. José Ferreira Galvão Neto e Emanuel Galvão

APARIÇÃO (Italmar Lamenha de Albertim)

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                           Esperei por ela no final da tarde, Que por algum motivo não apareceu; Então senti como a saudade arde, E o céu azul de pena escureceu. Mas, felizmente me surgiram estrelas, Tais quais brilhantes num belo colar; Cintilavam à noite, sobre o imenso mar Impressionando que pasmava em vê-las. Fiz-me forte em meu desalento E aliei-me à solidão da rua; Mas conduzida por um forte vento Em minha frente, branca, meiga e nua, Acenou-me rindo lá no firmamento A tão querida e esperada lua. Copyright © 2013 by Italmar Lamenha de Albertin All rights reserved.

A VOZ DO SOLO (Italmar Lamenha de Albertim)

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Queima sol, Esse chão sofredor; Sopra vento, Pra aliviar minha dor. Já não sei a que vim, Se nada produzo ou crio... Será castigo pra mim, Ou apenas desafio? Não chores tanto menina, Não tenhas mágoa de mim; Tua vaquinha morreu? Foi Deus quem quis assim. Não tenho culpa da fome Que matou tua malhada; A árvore também está triste, Porque está desfolhada. Se matar a minha sede Tua lágrima pudesse, Viveria na fartura Quem tanto hoje padece. Vamos ter fé no Pai Que criou o universo; Que Ele entenda e perdoe O meu desabafo em verso. Copyright © 2013 by Italmar Lamenha de Albertin All rights reserved.