Um dia, um pensador fez a seguinte
pergunta a seus discípulos:
— Por que as pessoas gritam quando estão
aborrecidas?
— Gritamos porque perdemos a calma — disse um
deles.
— Mas por que gritar quando a outra pessoa está ao
seu lado? — questionou novamente o pensador.
— Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa
nos ouça — retrucou outro discípulo.
E o mestre voltou a perguntar:
— Então não é possível falar em voz baixa?
Várias outras respostas surgiram, mas
nenhuma convenceu o pensador. Então ele esclareceu:
— Vocês sabem por que se grita com uma pessoa
quando se está aborrecido? O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas,
seus corações se afastam muito. Para cobrir essa distância, precisam gritar
para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais
forte terão que gritar para ouvir um ao outro através da grande distância. Por
outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam.
Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto. A
distância entre elas é pequena. Às vezes, estão tão próximos, seus corações,
que nem falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não
necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se
entendem. É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador concluiu dizendo:
— Quando vocês discutirem, não deixem que seus
corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um
dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.
PASINI, Frei Edrian Josué
(org.). Almanaque Santo Antônio. Petrópolis: Vozes, 2012
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário. Ele é importante para nós. Apos verificação ele será publicado.