Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

A Missão (Sidney Wanderley)



Todas as palavras e despalavras
que haviam de ser ditas, malditas
-todas-,
já o foram.

Mesmo o silêncio, fala sem voz,
em seus inumeráveis disfarces e variações
-todos-,
já se fez.


Por isso beber horizontes ou vomitar espantos,
estudar Platão ou os equinodermos,
xingar uma fruta, padecer de amídalas,
dormir sobre pregos ou ao som de Haydn
tornam-se-me indiferentes.

Por isso é que escrevo:
para dar fé e testemunho de minha humana condição
e sua soberba inutilidade:
para nada.

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