Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

OS NAMORADOS (Gonzaga Leão)


Primeiro eu os vi na praça
mas havia tantos pombos
que quando os vi se beijando
pensei que a praça arrulhava.

Depois eu os vi na praia
e porque um mar havia
eu não sei se eles se amavam
ou era o mar que gemia.

E os vi em outros lugares
em templos becos e bares
até que aconteceu

que mais do que os namorados
anoite sentiu-se grávida
e ai a manhã nasceu.

*Tijolo sobre tijolo/palavra sobre palavra 
(Imprensa oficial Graciliano Ramos 2012 - pg 59) 



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