Para começar a semana Visitei meu amigo Mário Refiro-me ao Quintana E para meu poema ficar danado de bom Parceria com Drummond Para ele não conter vícios Parceria com Vinicius E ser amigo do rei Nessa grande brincadeira Acompanhei Manuel Bandeira Também entre as pedras Cresceu minha poesia Cresceu com essa menina Grande Cora Coralina Poesia não precisa de motivo Basta ler em Ledo Ivo Quero iluminar de cima Acendendo lampiões Como fez Jorge de Lima Fazer um poema elegante Sofisticado, bacana Como faz o Afonso O Romano de Sant’anna Fazer poesia que arde Como faz Bruna Lombardi Não escrever coisa atoa Como fez Fernado Pessoa Fazer veros de quilate Como o Olavo Bilac Poema que seja casa Grande como uma mansão Como ergueu Gonzaga Leão Poema de morte e vida Severina vida sem teto Trabalhar no mesmo tema Faze grande o meu poema Como João Cabral de melo Neto Poema que a boca escarra E que escreve com a mão Que afaga e apedreja Sem flores e seus arranjos Como fez Augusto dos Anjos E na Can...
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Gritaram-me Negra (Victoria Santa Cruz)
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Tinha sete anos apenas,
apenas sete anos,
Que sete anos!
Não chegava nem a cinco!
De repente umas vozes na rua
me gritaram Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra!
"Por acaso sou negra?" – me disse
SIM!
"Que coisa é ser negra?"
Negra!
E eu não sabia a triste verdade que aquilo escondia.
Negra!
E me senti negra,
Negra!
Como eles diziam
Negra!
E retrocedi
Negra!
Como eles queriam
Negra!
E odiei meus cabelos e meus lábios grossos
e mirei apenada minha carne tostada
E retrocedi
Negra!
E retrocedi . . .
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Neeegra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
E passava o tempo,
e sempre amargurada
Continuava levando nas minhas costas
minha pesada carga
E como pesava!...
Alisei o cabelo,
Passei pó na cara,
e entre minhas entranhas sempre ressoava a mesma palavra
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Neeegra!
Até que um dia que retrocedia , retrocedia e que ia cair
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra!
E daí?
E daí?
Negra!
Sim
Negra!
Sou
Negra!
Negra
Negra!
Negra sou
Negra!
Sim
Negra!
Sou
Negra!
Negra
Negra!
Negra sou
De hoje em diante não quero
alisar meu cabelo
Não quero
E vou rir daqueles,
que por evitar – segundo eles –
que por evitar-nos algum disabor
Chamam aos negros de gente de cor
E de que cor!
NEGRA
E como soa lindo!
NEGRO
E que ritmo tem!
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro Negro
Negro Negro Negro
Afinal
Afinal compreendi
AFINAL
Já não retrocedo
AFINAL
E avanço segura
AFINAL
Avanço e espero
AFINAL
E bendigo aos céus porque quis Deus
que negro azeviche fosse minha cor
E já compreendi
AFINAL
Já tenho a chave!
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO
Negra sou!
Tenía siete años apenas,
apenas siete años,
¡Que siete años!
¡No llegaba a cinco siquiera!
De pronto unas voces en la calle
me gritaron ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
“¿Soy acaso negra?” – me dije ¡SÍ!
“¿Qué cosa es ser negra?” ¡Negra!
Y yo no sabía la triste verdad que aquello escondía. Negra!
Y me sentí negra, ¡Negra!
Como ellos decían ¡Negra!
Y retrocedí ¡Negra!
Como ellos querían ¡Negra!
Y odié mis cabellos y mis labios gruesos
y miré apenada mi carne tostada
Y retrocedí ¡Negra!
Y retrocedí…
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Neeegra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
Y pasaba el tiempo,
y siempre amargada
Seguía llevando a mi espalda
mi pesada carga
¡Y cómo pesaba! ...
Me alacié el cabello,
me polveé la cara,
y entre mis cabellos siempre resonaba
la misma palabra
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Neeegra!
Hasta que un día que retrocedía,
retrocedía y que iba a caer
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¡Negra! ¡Negra! ¡Negra!
¿Y qué?
¡Negra! Sí
¡Negra! Soy
¡Negra! Negra
¡Negra! Negra soy
De hoy en adelante no quiero
laciar mi cabello
No quiero
Y voy a reírme de aquellos,
que por evitar – según ellos –
que por evitarnos algún sinsabor
Llaman a los negros gente de color
¡Y de qué color! NEGRO
¡Y qué lindo suena! NEGRO
¡Y qué ritmo tiene!
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO
Al fin
Al fin comprendí AL FIN
Ya no retrocedo AL FIN
Y avanzo segura AL FIN
Avanzo y espero AL FIN
Y bendigo al cielo porque quiso Dios
que negro azabache fuese mi color
Y ya comprendí AL FIN
Ya tengo la llave
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
NEGRO NEGRO
¡Negra soy!
É muito triste apesar de ter sido e ainda infelizmente ser a realidade de muitos irmãos...onde iniciou esse absurdo... o mais lindo é que as crianças não notam diferença nenhuma de cor, raça, sexo.... os "adultos" é que as tornam intolerantes. Que bom seria se tivéssemos almas de criança.
O Beijo de Gustav Klint (fragmento) Eu acho que os beijos são dados na boca porque é onde brotam as palavras. Se eu te beijasses a ponta dos dedos, estaria buscando uma carícia; se te beijasse a sola do sapato, estaria buscando um caminho. Se te beijasse as pálpebras enquanto dormes, estaria pedindo permissão para entrar nos teus sonhos, mas estou te beijando os lábios, porque quero ouvir minhas palavras saírem de ti, outra vez. Se te beijasse a planta dos pés, buscaria um passo em falso. Se te beijasse a parte interna do cotovelo, buscaria teus esconderijos. Se te beijasse a sombra, não saberia o que busco, mas estaria tão perto. Se te buscasse essa noite, beijaria cada estranho até te encontrar. Outra vez. Se eu te beijasse, seria como algo escorregadio sobre uma tela de carne que transborda e se espalha pelas vigas da minha casa. Subiria escorregadia por um muro, separando a pele da carne que se injeta em uma estrutura impessoal chamada nome. Estaria consumida antes mesmo de abrir ...
Eu não gosto de você, Papai Noel! Também não gosto desse seu papel de vender ilusões à burguesia. Se os garotos humildes da cidade soubessem do seu ódio à humildade, jogavam pedra nessa fantasia. Você talvez nem se recorde mais. Cresci depressa, me tornei rapaz, sem esquecer, no entanto, o que passou. Fiz-lhe um bilhete, pedindo um presente e a noite inteira eu esperei, contente. Chegou o sol e você não chegou. Dias depois, meu pobre pai, cansado, trouxe um trenzinho feio, empoeirado, que me entregou com certa excitação. Fechou os olhos e balbuciou: “É pra você, Papai Noel mandou”. E se esquivou, contendo a emoção. Alegre e inocente nesse caso, eu pensei que meu bilhete com atraso, chegara às suas mãos, no fim do mês. Limpei o trem, dei corda, ele partiu dando muitas voltas, meu pai me sorriu e me abraçou pela última vez. O resto eu só pude compreender quando cresci e comecei a ver todas as coisas com realidade. Meu pai chegou um dia e disse, a seco: “Onde é que está aquele ...
Ora, se deu que chegou (isso já faz muito tempo) no bangüê dum meu avô uma negra bonitinha, chamada negra Fulô. Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) — Vai forrar a minha cama pentear os meus cabelos, vem ajudar a tirar a minha roupa, Fulô! Essa negra Fulô Essa negrinha Fulô! ficou logo pra mucama pra vigiar a Sinhá, pra engomar pro Sinhô! Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! (Era a fala da Sinhá) vem me ajudar, ó Fulô, vem abanar o meu corpo que eu estou suada, Fulô! vem coçar minha coceira, vem me catar cafuné, vem balançar minha rede, vem me contar uma história, que eu estou com sono, Fulô! Essa negra Fulô! "Era um dia uma princesa que vivia num castelo que possuía um vestido com os peixinhos do mar. Entrou na perna dum pato saiu na perna dum pinto o Rei-Sinhô me mandou que vos contasse mais cinco". Essa negra Fulô! Essa negra Fulô! Ó Fulô! Ó Fulô! Vai botar para dormir esses meninos, Fulô! "minha mãe me penteou minha mad...
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências... A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os p...
Para começar a semana Visitei meu amigo Mário Refiro-me ao Quintana E para meu poema ficar danado de bom Parceria com Drummond Para ele não conter vícios Parceria com Vinicius E ser amigo do rei Nessa grande brincadeira Acompanhei Manuel Bandeira Também entre as pedras Cresceu minha poesia Cresceu com essa menina Grande Cora Coralina Poesia não precisa de motivo Basta ler em Ledo Ivo Quero iluminar de cima Acendendo lampiões Como fez Jorge de Lima Fazer um poema elegante Sofisticado, bacana Como faz o Afonso O Romano de Sant’anna Fazer poesia que arde Como faz Bruna Lombardi Não escrever coisa atoa Como fez Fernado Pessoa Fazer veros de quilate Como o Olavo Bilac Poema que seja casa Grande como uma mansão Como ergueu Gonzaga Leão Poema de morte e vida Severina vida sem teto Trabalhar no mesmo tema Faze grande o meu poema Como João Cabral de melo Neto Poema que a boca escarra E que escreve com a mão Que afaga e apedreja Sem flores e seus arranjos Como fez Augusto dos Anjos E na Can...
Eu vinha de Canindé Com sono e muito cansado Quando vi, perto da estrada Um juazeiro copado. Subi, armei minha rede, Fiquei nele deitado. Como a noite estava linda Procurei ver o cruzeiro, Mas cansado como estava Peguei no sono ligeiro, Só acordei com os gritos Debaixo do juazeiro. Quando olhei para baixo Eu vi um porco falando, Um cachorro e uma cobra E um burro reclamando, Um rato e um morcego E uma vaca escutando. O porco dizia assim: -“Pelas barbas do capeta! Se nós ficarmos parados A coisa vai ficar preta... Do jeito que o homem vai Vai acabar o planeta. Já sujaram os sete mares Do Atlântico ao mar Egeu, As florestas estão capengas, Os rios da cor de breu E ainda por cima dizem Que o seboso sou eu. Os bichos bateram palmas, O porco deu com a mão, O rato se levantou E disse: – “Prestem atenção, Eu também já não suporto Ser chamado de ladrão. O homem, sim, mente e rouba, Vende a honra, compra o nome. Nós só pegamos a sobra Daqu...
Se quiser plantar saudade Escalde bem a semente Plante num lugar bem seco Onde o sol seja bem quente Pois se plantar no molhado Quando crescer mata gente
Deus pede estrita conta de meu tempo. E eu vou do meu tempo, dar-lhe conta. Mas, como dar, sem tempo, tanta conta Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?
Eu te desejo vida, longa vida Te desejo a sorte de tudo que é bom De toda alegria ter a companhia Colorindo a estrada em seu mais belo tom Eu te desejo a chuva na varanda Molhando a roseira pra desabrochar E dias de sol pra fazer os teus planos Nas coisas mais simples que se imaginar Eu te desejo a paz de uma andorinha No vôo perfeito contemplando o mar E que a fé movedora de qualquer montanha Te renove sempre, te faça sonhar Mas se vier as horas de melancolia Que a lua tão meiga venha te afagar E a mais doce estrela seja tua guia Como mãe singela a te orientar Eu te desejo mais que mil amigos A poesia que todo poeta esperou Coração de menino cheio de esperança Voz de pai amigo e olhar de avô Ouça a Música
“Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer.
É muito triste apesar de ter sido e ainda infelizmente ser a realidade de muitos irmãos...onde iniciou esse absurdo... o mais lindo é que as crianças não notam diferença nenhuma de cor, raça, sexo.... os "adultos" é que as tornam intolerantes. Que bom seria se tivéssemos almas de criança.
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