Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

Imagem
Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

A CALÇADA ( Eduardo Proffa)



Os homens vão chegando
Um a um
Vestem seus trajes empoeirados
Dos dias anteriores
Em que não tiveram sonhos
Em que não tiveram amigos



No outro lado
Uma mulher retira
A vasta cabeleira de terra
Que encobre a calçada

E a vassoura (cúmplice)
Varre
Sai
Sai
Sai
Sai...

A terra vai saindo
Chorando em pó
Não querendo
Desfazer o romance
Com a calçada

Da construção
Os homens se apercebem disso
E martelam metais
Martelam madeiras
Vestem tijolos
Com suas roupas

E novamente o pó
Entrega-se ao vento
Bailando docemente
Ao som das ferramentas
Pousando aos poucos
Na linda calçada
Limpa calçada
Fazendo-a sorrir
Novamente.

Copyright © 2013 by Eduardo Proffa
All rights reserved.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Essa Negra Fulô (Jorge de Lima)

BORBOLETAS (Mario Quintana)

Se Voltares (Rogaciano Leite)

ESCUTATÓRIA (Rubem Alves)

Antepasto (Antônio Miranda)

Gritaram-me Negra (Victoria Santa Cruz)