Vida Subjuntiva (Emanuel Galvão)

Imagem
Foto: Eduardo Matysiak / Futurapress / Folhapress E se essa rua fosse minha E se a gente brincasse E se a bola ninguém furasse E se nossa trave seu João não chutasse Se na pistola ninguém pegasse Se o policial no menino preto não atirasse   Se essa rua fosse minha E nela ninguém mandasse Parar, quando a gente passasse E os documentos mostrasse E nossa mão se levantasse E nossa voz não calasse   Se essa rua fosse minha E a gente se rebelasse Entendendo a luta de classe E da política analisasse Sua cruel e podre face E acabasse o disfarce Atacando quem atacasse A gente multiplicasse E por força desse repasse Toda opressão cessasse   E se essa rua fosse minha Não tua! Eu não morava na rua Eu não dormia na praça Não mostrava a pele nua Não vestia a minha desgraça   Ah! se você entendesse Se você percebesse Se se compadecesse E intercedesse E retrocedesse   Talvez meu mundo Não fosse tão im...

A CALÇADA ( Eduardo Proffa)



Os homens vão chegando
Um a um
Vestem seus trajes empoeirados
Dos dias anteriores
Em que não tiveram sonhos
Em que não tiveram amigos



No outro lado
Uma mulher retira
A vasta cabeleira de terra
Que encobre a calçada

E a vassoura (cúmplice)
Varre
Sai
Sai
Sai
Sai...

A terra vai saindo
Chorando em pó
Não querendo
Desfazer o romance
Com a calçada

Da construção
Os homens se apercebem disso
E martelam metais
Martelam madeiras
Vestem tijolos
Com suas roupas

E novamente o pó
Entrega-se ao vento
Bailando docemente
Ao som das ferramentas
Pousando aos poucos
Na linda calçada
Limpa calçada
Fazendo-a sorrir
Novamente.

Copyright © 2013 by Eduardo Proffa
All rights reserved.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

TÊNIS X FRESCOBOL (Rubem Alves)

O Beijo (Elsa Moreno)

Vida Subjuntiva (Emanuel Galvão)

TERCETOS (Olavo Bilac)

A Reunião dos Bichos (Antônio Francisco)

Essa Negra Fulô (Jorge de Lima)

'ATÉ QUE A MORTE...' (Rubem Alves)

Eu Te Desejo (Flávia Wenceslau)