Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

Imagem
Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

PORQUE AS PESSOAS GRITAM? (Frei Edrian Josué Pasini)



Um dia, um pensador fez a seguinte pergunta a seus discípulos:

— Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?
— Gritamos porque perdemos a calma — disse um deles.
— Mas por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado? — questionou novamente o pensador.
— Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça — retrucou outro discípulo.
E o mestre voltou a perguntar:
— Então não é possível falar em voz baixa?

Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador. Então ele esclareceu:

— Vocês sabem por que se grita com uma pessoa quando se está aborrecido? O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. Para cobrir essa distância, precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro através da grande distância. Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê? Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes, estão tão próximos, seus corações, que nem falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.

Por fim, o pensador concluiu dizendo:

— Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.


PASINI, Frei Edrian Josué (org.). Almanaque Santo Antônio. Petrópolis: Vozes, 2012

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Essa Negra Fulô (Jorge de Lima)

Se Voltares (Rogaciano Leite)

BORBOLETAS (Mario Quintana)

Serra da Barriga (Jorge de Lima)

Gritaram-me Negra (Victoria Santa Cruz)

A Reunião dos Bichos (Antônio Francisco)