Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

SOLIDÃO (Socorro Monteiro)

  Homenagem a Dominguinhos

                                         
Uma sanfona vagueia sozinha pelos rincões do sertão.
Ela sabe que nunca mais será acariciada pelos dedos ágeis e grossos que lhes coçavam as costelas ordenando o comando do floreado que expressava alegria, inventando acordes que davam muito xodó. Sabe que apesar do vigor que ainda carrega, está condenada ao recolhimento e as lembranças do seu romance feliz, que durante muito tempo produziu muito chamego... 

E assim, na melhor das intenções, provavelmente habitará uma sala de museu onde assistirá inerte e silenciosa as diversas versões do seu caso de amor que culminou nesse 23 de julho ocasionado pela sua viuvez.
Nós, que durante muito tempo desfrutamos da harmonia desse casal, também choramos essa separação.



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