Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

“ESCREVO PARA ME DESNUDAR” (Marla de Queiroz)



Não escrevo para fugir de mim. Não há fuga possível na minha escrita, nas minhas mudanças geográficas, nas minhas relações, nas minhas próprias fugas. A lucidez que um texto traz à tona, por mais impermeável que eu esteja, é desconcertante. Vejo-me na grafia espelhada. Vejo-me na ilusão arrebentada, no véu em farrapos, no retrovisor dos passos.

Não escrevo frases temporárias: vão-se as fases, ficam as palavras. Não há texto descartável como uma lembrança. Não há registro dispensável como uma observação.
Não escrevo para voltar para mim. Não escrevo para me conhecer. Não escrevo para te seduzir. Não escrevo para me defender.

Então escrevo para me desnudar: como se todos os meus poros sentissem falta de ar.


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