Vida Subjuntiva (Emanuel Galvão)

Imagem
Foto: Eduardo Matysiak / Futurapress / Folhapress E se essa rua fosse minha E se a gente brincasse E se a bola ninguém furasse E se nossa trave seu João não chutasse Se na pistola ninguém pegasse Se o policial no menino preto não atirasse   Se essa rua fosse minha E nela ninguém mandasse Parar, quando a gente passasse E os documentos mostrasse E nossa mão se levantasse E nossa voz não calasse   Se essa rua fosse minha E a gente se rebelasse Entendendo a luta de classe E da política analisasse Sua cruel e podre face E acabasse o disfarce Atacando quem atacasse A gente multiplicasse E por força desse repasse Toda opressão cessasse   E se essa rua fosse minha Não tua! Eu não morava na rua Eu não dormia na praça Não mostrava a pele nua Não vestia a minha desgraça   Ah! se você entendesse Se você percebesse Se se compadecesse E intercedesse E retrocedesse   Talvez meu mundo Não fosse tão im...

Seiscentos e Sessenta e Seis (Mario Quintana)


 
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos…


Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre, sempre em frente…

E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

(Poema publicado originalmente no livro Esconderijos do Tempo, Poesia Completa – Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005, p. 479)






*Veja outros poemas divulgados corretamente aqui:

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

TÊNIS X FRESCOBOL (Rubem Alves)

O Beijo (Elsa Moreno)

Vida Subjuntiva (Emanuel Galvão)

TERCETOS (Olavo Bilac)

A Reunião dos Bichos (Antônio Francisco)

'ATÉ QUE A MORTE...' (Rubem Alves)

Essa Negra Fulô (Jorge de Lima)

Gritaram-me Negra (Victoria Santa Cruz)