Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

UM BEIJO PODE DIZER TUDO (Emanuel Galvão)



Quero decifrar sua língua
Não sua palavra
Um beijo pode dizer tudo
E mesmo assim
As insidiosas palavras rompem o silêncio
Trazendo à tona a fragilidade dos significados
Enquanto eu quero saber
Dos novos universos
Que habitam o céu
Da tua boca
Cada estrela é uma viagem
E a cada paisagem
Pousar meus versos
Em nova linguagem
Em mundos diferentes.

Minha língua é espaçonave
Beijo e perco a gravidade
E bem leve escrevo o que desejo
Conquisto a liberdade
De tirar os pés do chão
Desafiar realidades
Correr riscos
-andar na contramão-
Eis que estou disposto
Da língua mais que as palavras
Sentir seu gosto.

Eu quero é te amar
Sem precisar dizer “eu te amo”
Pra ter que se acreditar
Mas quero sim dizer sempre o que sinto
Ou aquilo que o coração não consegue calar
Porque minha atração por você
Não é meramente física
Tem toda uma química
-a da pele-

Em tua bela geografia
Aprender e ensinar
Outra filosofia
Construindo a nossa história
Com recorte de alegrias
E ir colando direitinho
Com a cola do carinho
No papel da atenção
Para que os corações fragmentados
Dos eternos namorados
Tenham-no sempre em inspiração.

Vamos fugir das estatísticas
Dos amores matemáticos
Complicados demais, cheios de problemas
Dividindo pouco, subtraindo sempre
Ou às vezes nem sub! –traindo-
Multiplicando os problemas
Somando decepções
E o resultado igual: a machucados corações
Quero mergulhar nas matérias mais artísticas
As humanas são mais amenas

Que as minhas declarações de amor baby
Sejam sempre em bom – e às vezes até errado- 
português
Eu quero é ser diferente
Sem deixar de ser igual
E quero pintar o sete
Sete dias por semana
Quatro semanas no mês
Não quero mais o engano
Eu quero é passar de ano
E não deixar passar o ano.

Ser feliz – mais que contente-
Desenhar a vida que se quer e sente
E o sonho que se deseja.

Meu bem
Em qualquer idioma
“quem tem boca vai a Roma”
Vai mais além
E beija.

Copyright © 2007 by Emanuel Galvão
All rights reserved.


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