Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Menina da Beira (Adriana Moraes)



Corre lá menina,


Fala à teu povo e ensina



Que o Rio cumpre sua sina.



Vai menina correndo,



Diz que o Velho Chico,



Um pouco a cada dia, está morrendo.



Corre menina sem demora,



Explica porque o pescador



Ainda hoje chora.



Corre depressa e sem exitar



Porque enquanto o rio morre,



A cidade perde seu altar.



Menina marca tua posição.



Recolhe seu barco,



Mas luta contra a transposição.



Levanta menina, deixa de lamento.



Há muito o rio sente e chora com o assoreamento.



Sobe,  menina, na pedra que te criou.



Contempla e luta pelas águas que te banhou.



Menina você já cansou?



Desperta! Há muito que falar.



Há 500 anos o Velho Chico luta sem se entregar.



Corre, corre menina, não pára de correr



Porque se você pára, se você cala...



O rio São Francisco sangra até morrer...



Se ele morre, se ele morrer,



Tudo morre com ele,



Desaparece você.

Copyright © 2012 by Adriana Moraes

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