Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

'Novelo de Delícias' (Marla de Queiroz)




Abro as pernas e as palavras se contraem: tua língua se apropria do meu texto, tua fala sempre tão bem dita. Fecho os olhos: teu poema me penetra, nossas palavras gemem, a poesia grita. 

Mas eu guardo em segredo minhas frases mais aflitas. (Pelo menos dessa vez não vou deixar que o meu medo te pareça abandono. Pelo menos dessa vez não vou supervalorizar nossa história que é apenas tão bonita.) Vou deixar que se enfie em mim com dedos, membro, língua e malícia. E o teu corpo, meu tutor, se apropriar do meu sem dono, num abraço pélvico escorregadio, num enroscamento longo qual novelo de delícias.


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