Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

BEM DITO SEJA O AMOR (Marla de Queiroz)



Bem dita seja a palavra Amor disparada pelo peito, que faz da ação o verbo pro sujeito, que estica a frase até compor a narrativa ou a canção. Bendito seja o amor que transforma o ínfimo em infinito, que traz a oração pro pensamento mais aflito, que apressa a atitude da intenção.

Bem dita seja a palavra Amor que faz do nome um mantra, transforma a saudade em esperança e traz dentro da carta a letra com a força do punho e o movimento da mão. Bendito seja o amor que encurta distâncias e suprime abismos, acolhe os sentimentos imprecisos e veste pensamento e gesto enquanto despe o coração.

Bendito seja o amor que só sendo fluido se solidifica, que só sendo livre se torna conquista, que só sendo ação se torna fato. Bem dita seja a palavra Amor que por ser tão viva, lúdica e lírica jamais será consumida pelo silêncio, só pelo ato.


*Texto publicado originalmente na Revista Vênus Digital

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