A idéia de que o corpo carrega duas caixas —uma caixa de ferramentas, na mão direita, e uma caixa de brinquedos, na mão esquerda— apareceu enquanto eu me dedicava a mastigar, ruminar e digerir santo Agostinho. Como você deve saber, eu leio antropofagicamente. Porque os livros são feitos com a carne e o sangue daqueles que os escrevem. Dos livros, pode-se dizer o que os sacerdotes dizem da eucaristia: "Isso é o meu corpo; isso é a minha carne". Santo Agostinho não disse como eu digo. O que digo é o que ele disse depois de passado pelos meus processos digestivos. A diferença é que ele disse na grave linguagem dos teólogos e filósofos. E eu digo a mesma coisa na leve linguagem dos bufões e do riso. Pois santo Agostinho, resumindo o seu pensamento, disse que todas as coisas que existem se dividem em duas ordens distintas. A ordem do "uti" (ele escrevia em latim ) e a ordem do "frui". "
Gerar link
Facebook
Twitter
Pinterest
E-mail
Outros aplicativos
Somos Hoje Matemática (Branca Barão)
Gerar link
Facebook
Twitter
Pinterest
E-mail
Outros aplicativos
-
A
soma de todas as experiências que tivemos até aqui. Cada filme que vimos, cada
música que ouvimos, cada relacionamento que tivemos, cada sanduíche que
comemos.
Divididos
entre vida pessoal e profissional, entre ser pai ou amigo, mãe ou filha, entre
cuidar de mim mesmo ou do outro. Entre comer e emagrecer, acordar cedo e malhar
ou dormir mais um pouco e deixar a academia para lá.
Multiplicamos
respostas para depois descobrirmos que as perguntas também se multiplicam.
Somos
o que ainda temos para viver, subtraídos dos anos que já vivemos, bem ou não.
Nem
sempre somos hoje o resultado da conta que fazíamos no passado. Somos roteiro
turístico.
Os
lugares a que fomos, os dias de sol, de chuva ou de frio. Somos as pessoas que
encontramos pelo caminho e levamos de alguma forma com a gente.
Somos
as idas e as voltas, as paradas em cada semáforo da vida, as ladeiras acima e
as ladeiras abaixo, muitas vezes sem freio de mão.
Somos
principalmente cada decisão de ir, decisão esta simples ou não.
Somos
artistas de TV. Somos controle remoto e a decisão de mudar ou de permanecer.
Somos
pura interpretação: dos fatos, das pessoas, das situações, da vida.
Quando
rimos até chorar somos comédia. Quando choramos até dormir somos drama. Quando
sentimos medo, somos suspense. Quando nos apaixonamos somos romance, comédia ou
terror. Ou tudo isso junto.
Somos
as lembranças e os desejos. Aqueles sonhos que alcançamos e aqueles que
deixamos de sonhar. Somos fotos antigas e viagens em busca de fotos novas.
Somos o que somos hoje enquanto desejamos ser alguém melhor no futuro.
Somos
saudade e ansiedade, pressa de ir misturada com vontade de voltar. Um “era
feliz e não sabia” que busca encontrar o que perdeu, só que “lá na frente”.
Somos incongruências e inconstâncias.
Calma
e pressa. Desejos, impulsos e vontade de controlá-los.
Seja
lá o que formos, só podemos ser no presente. No passado, já era. No futuro,
ainda não é!
*veja o vídeo também nesse link aqui: BARÃO, Branca. 8 ou 80 - Seu melhor amigo e seu pior inimigo moram aí, dentro de Você! São Paulo: DVS Editora, 2012.
Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para diante tudo vai ser diferente.
Quando eu era pequena, não entendia o choro solto da minha mãe ao assistir a um filme, ouvir uma música ou ler um livro. O que eu não sabia é que minha mãe não chorava pelas coisas visíveis. Ela chorava pela eternidade que vivia dentro dela e que eu, na minha meninice, era incapaz de compreender. O tempo passou e hoje me emociono diante das mesmas coisas, tocada por pequenos milagres do cotidiano. É que a memória é contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos. Crianças têm o tempo a seu favor e a memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é só um filme; uma melodia, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de eternidade. Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para a memória, ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis. Nossos filhos são crianças, nossos amigos estão perto, nossos pais ainda vivem. Quanto mais vi
Palavras são como estrelas facas ou flores elas têm raízes pétalas espinhos são lisas ásperas leves ou densas para acordá-las basta um sopro em sua alma e como pássaros vão encontrar seu caminho. <!—anuncio –>
Quando eu morder a palavra, por favor, não me apressem, quero mascar, rasgar entre os dentes, a pele, os ossos, o tutano do verbo, para assim versejar o âmago das coisas. Quando meu olhar se perder no nada, por favor, não me despertem, quero reter, no adentro da íris, a menor sombra, do ínfimo movimento. Quando meus pés abrandarem na marcha, por favor, não me forcem. Caminhar para quê? Deixem-me quedar, deixem-me quieta, na aparente inércia. Nem todo viandante anda estradas, há mundos submersos, que só o silêncio da poesia penetra. “Poemas da recordação e outros movimentos”. Belo Horizonte: Nandyala, 2008.
"Deixa-me, fonte!" Dizia A flor, tonta de terror. E a fonte, sonora e fria, Cantava, levando a flor. "Deixa-me, deixa-me, fonte! " Dizia a flor a chorar: "Eu fui nascida no monte... "Não me leves para o mar". E a fonte, rápida e fria, Com um sussurro zombador, Por sobre a areia corria, Corria levando a flor. "Ai, balanços do meu galho, "Balanços do berço meu; "Ai, claras gotas de orvalho "Caídas do azul do céu!... Chorava a flor, e gemia, Branca, branca de terror, E a fonte, sonora e fria Rolava levando a flor. "Adeus, sombra das ramadas, "Cantigas do rouxinol; "Ai, festa das madrugadas, "Doçuras do pôr do sol; "Carícia das brisas leves "Que abrem rasgões de luar... "Fonte, fonte, não me leves, "Não me leves para o mar!... " As correntezas da vida E os restos do meu amor Resvalam numa descida Como a da fo
Desejo a vocês... Fruto do mato Cheiro de jardim Namoro no portão Domingo sem chuva Segunda sem mau humor Sábado com seu amor Filme do Carlitos Chope com amigos Crônica de Rubem Braga Viver sem inimigos Filme antigo na TV Ter uma pessoa especial E que ela goste de você
Lá vem o acendedor de lampiões da rua! Este mesmo que vem infatigavelmente, Parodiar o sol e associar-se à lua Quando a sombra da noite enegrece o poente!
'Pois desejo primeiro que você ame e que amando, seja também amado. E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa. Desejo depois que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar. Desejo também que tenha amigos e que mesmo maus e inconseqüentes sejam corajosos e fiéis. E que em pelo menos um deles você possa confiar e que confiando não duvide de sua confiança. E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos nem poucos, mas na medida exata para que algumas vezes você interprele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo para que você não se sinta demasiadamente seguro. Desejo depois que você seja útil, não insubstituívelmente útil mas razoavelmente útil. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé. Desejo ainda que você seja tolerante, não com que os que erram pouco, porque isso é fácil,
'Uma ostra que não foi ferida não produz pérolas.' Pérolas são produtos da dor; resultados da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou grão de areia. Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada nácar. Quando um grão de areia a penetra, ás células do nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra. Como resultado, uma linda pérola vai se formando. Uma ostra que não foi ferida, de modo algum produz pérolas, pois a pérola é uma ferida cicatrizada.
A idéia de que o corpo carrega duas caixas —uma caixa de ferramentas, na mão direita, e uma caixa de brinquedos, na mão esquerda— apareceu enquanto eu me dedicava a mastigar, ruminar e digerir santo Agostinho. Como você deve saber, eu leio antropofagicamente. Porque os livros são feitos com a carne e o sangue daqueles que os escrevem. Dos livros, pode-se dizer o que os sacerdotes dizem da eucaristia: "Isso é o meu corpo; isso é a minha carne". Santo Agostinho não disse como eu digo. O que digo é o que ele disse depois de passado pelos meus processos digestivos. A diferença é que ele disse na grave linguagem dos teólogos e filósofos. E eu digo a mesma coisa na leve linguagem dos bufões e do riso. Pois santo Agostinho, resumindo o seu pensamento, disse que todas as coisas que existem se dividem em duas ordens distintas. A ordem do "uti" (ele escrevia em latim ) e a ordem do "frui". "
Comentários
Postar um comentário
Deixe seu comentário. Ele é importante para nós. Apos verificação ele será publicado.