Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Não Minto (Sidney Wanderley)



‘É repousante achar-se entre mulheres bonitas.
Por que sempre mentir sobre tais coisas?’
- segredou-me em certa página Ezra Pound.
Entanto eu, quando entre elas
- desengonçada jiboia, pé e perna
Que no plano se projetam
Para a topada e a queda –
Assusto-as, ou assusto-me demasiado.


Não minto, por minha mãe que não minto.

‘É repousante palestrar com mulheres bonitas
Ainda que se fale apenas contra-sensos’
- persevera no ensino o d’Os Cantares.
Deve ser assim, intuo. Mas não consigo.
Seco suor, impávido tremor a viajarem-me
ossos, garganta.

Dai-me, Senhor, quando entre belas
A conformidade e a calma que possuem as tardes
Quando a noite as abate e a lua as enterra.


*Sidney Wanderley – Poemas Post-húmus (Coleção Viventes da Alagoas Volume 3) pag. 75 Sergasa

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