Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Precauções Inúteis (Lêdo Ivo)


Quem tapa minha boca,
não perde por esperar.
O silêncio de agora
amanhã é a voz rouca
de tanto gritar.

 .
Quem tapa meus olhos
nada esconde de mim.
Sei seu nome e seu rosto,
o lugar em que estou…
sua noite sem fim.
 .
Quem tapa meus ouvidos,
me faz escutar mais.
Igualei-me as muralhas
e o silêncio mais fundo
guarda o rumor do mundo.
 .
Quem quer me ver sem memória,
erra redondamente.
Lembro-me de tudo
e cego, surdo e mudo
até o esquecimento.
 .
E quem me quer defunto
confunde verão e inverno.
Morto, sou insepulto.
Homem sou sempre vivo.
Povo sou eterno.


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