Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Acordo Pecado (Lelê Teles)



por que você quer que eu use vermelho?
pra te ver melhor

e por que às vezes insiste que eu use verde?
pra te ver de perto


e se eu me despir daquele vestido vinho?
eu me embriago de você


laranja?
te chupo de casca e tudo

ah, é? se acaso eu sair toda de preto?
eu morro de amores pra justificar o seu luto


de branco?
aí a gente não briga, hasteio você no meu mastro

posso usar cinza?
só depois que eu te fumar

de azul?
eu mergulho em você, profundamente

e com aquela sainha rosa?
eu te despetálo inteira em bem-me-queres

hummm, e se eu sair com aquele sapato napolitano?
eu lambo os seus pés, me derretendo

e com aquela blusinha com mangas?
eu nem espero amadurecer

e se eu mostrar as batatas das pernas?
batatas da perna, maçãs do rosto, peras dos seios, plantas dos pés... querida, eu sou vegetariano

há dias em que fico em vermelho-sangue
nesses dias eu te vampirizo

ódio! diga, por que insistes, por que me afliges, por que me feres?
preta, há dias que te quero. adias que me queres!




*veja mais do autor aqui:

 

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