Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Não Há Elogio Maior Que o Desejo (Felipe Machado)



Não há elogio maior do que desejar alguém. Há adjetivos que podem simular o desejo, há qualidades que podem ser destacadas em uma frase simpática ou sensual inserida no meio do diálogo rotineiro. Mas o desejo, mesmo, aquele que move montanhas e inspira loucuras, esse só se diz com o com os olhos. Ou com o corpo.

(Não é à toa que em inglês ‘desire’ (desejo) rima com fire (fogo), assim como não é à toa que em português rima com ‘beijo’…)

A Wikipedia define desejo como “uma tensão em direção a um fim considerado pela pessoa que deseja como uma fonte de satisfação”. Mas é sério que alguém acha que é possível expressar o desejo em palavras? Eu seria mais pragmático. Desejo é querer muito, muito, muito… alguém.

Há muitas maneiras de encarar o desejo. Há o desejo material, aquele que busca satisfazer nossas necessidades consumistas. Há o desejo espiritual, a vontade de encontrar um equilíbrio utópico entre as forças que regem a existência. Há o desejo por justiça – ou vingança -, que suscita no ser humano os sentimentos mais primitivos. Mas o desejo por alguém é o mais poderoso de todos, porque tem como finalidade o sentimento mais poderoso de todos… o amor.

Se o amor é o que move um homem e uma mulher a ficarem juntos, então só posso supor que o desejo é o instrumento que a natureza inventou para atingir seu objetivo. Sábia natureza, que colocou o prazer como anzol no oceano de peixes que é a sociedade.

Como falei no início, não há elogio maior que desejar alguém. Querer que essa pessoa faça parte da sua vida, dia e noite (principalmente à noite, se é que você me entende), por um tempo indeterminado, é uma das forças que movem o mundo.

Em ‘Um Bonde Chamado Desejo’, filme baseado na peça de Tennessee Williams, a personagem de Vivien Leigh, Blanche DuBois, sussurra entre uma desilusão e outra: “Eu não quero realismo… eu quero mágica…” Embora a história tenha mesmo um bonde chamado ‘Desejo’, acho que essa frase guarda em sua simplicidade tudo o que o dramaturgo quis nos dizer sobre o desejo e o que ele representa.

A vida é feita de realidade, mas não é isso que inspira os nossos sonhos. É a mágica de sentir por outra pessoa o mesmo desejo que queremos que ela sinta por nós. Descobrir o que está por trás disso é um mistério, mas enquanto existir ar em nossos pulmões, sangue em nossas veias e fogo em nossos corações, é um desafio que faz qualquer um acordar pela manhã e dizer para si mesmo: ‘É hoje!’




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