Minha Vó Maria Conga (Emanuel Galvão)

Imagem
 Minha vó Maria conga Sempre com um terço na mão Me ensinou uma oração Prá quebrar milonga Parecia uma canção Ela falava quimbunda Linguagem, lá da angola  Oração contra quebranto Trouxe com seu povo banto Pena que não se ensina na escola -“tu tens quebranto,  Dois te puseram, três hão de tirar.  De onde este mal veio  Para lá torne a voltar.  Mando embora esse quebranto Em nome das três pessoas da santíssima trindade  Que é o pai, o filho e o espírito santo. Lanço fora essa maldade  Ámem” “quem pode mais do que Deus?” - NIGUEM! Minha vó Maria conga me dizia: Quer de noite, quer de dia Tu “tem” um anjo, menino! Um exú, um anjo negro Que tem zelo e carinho Vai abrindo os teus caminhos Então reza! “santo anjo do senhor Meu zeloso guardador, Se a ti me confiou A piedade divina, Sempre me rege, Sempre me guarde, Me governe Me ilumine, amém E quem pode mais do que deus? NINGUEM! Copyright © 2024 by Emanuel Galvão All rights reserved.

Elogio ao Desejo (Emanuel Galvão)



A ansiedade toma conta do meu corpo...
Espero que teus ditos machuquem minha alma
ou provoque gozo.
Não entendo a demora das palavras...
Mas, acredito que ao ler-me...
pretensiosamente teu membro responda,
e o sêmen seja a tinta das tuas letras
e apresente em mim 
um desejo incontrolável de comer tuas frases 
e de vê-lo.
                                                (S.L.)

A tua nudez me fascina, 
E ao ver-te nua de forma tão traquina,
Lanço fora as vestes de minha timidez,
Para escrever com lábios em tua linda tez.

A lascívia, assim como o desejo
Não convêm aos sábios...
Prova então da língua, cheia de desejo,
Louca e sem palavras, nos teus grandes
E pequenos lábios.

Quase sinto o gosto do verbo em carne viva
Pois que paixão tentadora, voraz e tão lasciva
Não tem que ter senso, tampouco pejo,
Entrego então meu corpo, todo ao teu desejo.

Ao ver-te nua... Visão do paraíso...
Não sei se faço verso, trovo, improviso
Eu, no entanto, emudeço, calo
Não sei o que digo... No entanto o falo...
Ergue-se aflito, anseia pelo gozo,
Aplaude-te de pé, num frenesi jocoso.

Pretensiosamente meu membro te responde.
Não sei quando, tampouco onde,
Mulher lânguida, bela, deslumbrante e nua,
Perigosamente sedutora lua,
Tão cheia de fogo, de força, de fases
- O meu corpo é verso quase inefável -
Vem com teu desejo, ardente, incontrolável,
De provar o gosto de comer minhas frases...


Copyright © 2015 by Emanuel Galvão
All rights reserved.

Elogio ao Desejo & Outras Palavras / Emanuel Galvão,
Maceió - AL. - Quadrioffice Editora, Quatro Barras, PR, 2015.
Pag. 19

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Eu Te Desejo (Flávia Wenceslau)

A Reunião dos Bichos (Antônio Francisco)

'ATÉ QUE A MORTE...' (Rubem Alves)

MEUS SECRETOS AMIGOS (Paulo Sant'Ana)

Namoro (Emanuel Galvão)

TÊNIS X FRESCOBOL (Rubem Alves)

Minha Vó Maria Conga (Emanuel Galvão)

Eu não gosto de você, Papai Noel!... (Aldemar Paiva)

Gritaram-me Negra (Victoria Santa Cruz)