Foto: Emanuel Galvão
Sou uma
mulher negra! Pra elaborar essa sentença foram necessários muitos anos, até eu
tomar consciência do que sou e ainda um pouco mais de tempo para ter orgulho
disso.
Fácil dizer que consciência negra não é necessária e sim,
consciência humana. Mentira! É fundamental ter consciência negra e ter
orgulho, sobretudo. Quem fala isso nunca viu uma criança negra na escola
pública respondendo a um questionário, se dizendo branca. Ou mesmo uma garota
negra que fotografou sua “marquinha do biquíni” para provar que não é negra. Ou
ainda, perceber uma criança negra, aceitar ser chamada de moreninha, mulata
(mulato=cor de mula), parda... só pra ser aceita numa sociedade mestiça, mas
que ainda não largou os costumes escravocratas.
Não existe
consciência humana quando são os meus irmãos negros que apanham da polícia, que
servem às mesas, que cortam cana, e que são estereotipados como ladrões,
traficantes, estupradores, desocupados, vagabundos, favelados... Ou mesmo
minhas irmãs negras que limpam as latrinas e a bunda dos filhos das pessoas que
exigem consciência humana.
Sou uma
mulher negra, de cabelos crespos, de nariz largo e de língua muito afiada.
Consciência humana só quando todos forem humanos. Quero ter e disseminar minha
consciência negra. Quero toda minha gente mudando sua história cheia de
orgulho. Caminhando para frente, mas sempre olhando para trás.
Adriana Moraes – Mulher Negra —
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