Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

ANJO DA NOITE (Arlene Miranda)



Na penumbra lilás do cabaré
O casal se beijava abraçado.
E a menina que se fez mulher
Se entregava à volúpia do pecado.

Anjo na orgia mergulhava,
Perdida entre as luzes do salão.
Ninguém sabia o que a maltratava
Nem a angústia do seu coração.

Disfarçando a tristeza de su’alma,
Para que não lhe vissem a agonia,
A formosa boneca, sempre calma,
Àqueles homens se oferecia.

Seu rosto como pedra da estrada,
Escondia da alma desvairada
A dor que a feria num açoite.

No quarto, ante a lâmpada velada,
O anjo pedia, em plena madrugada:
“amor, quero dormir, ainda é noite!”

*Retirado do livro "Olhando Estrelas" (poesias) Maceio/2007
Copyright © 2007 by Arlene Miranda
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*Veja mais da autora aqui:

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