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Minha Vó Maria Conga (Emanuel Galvão)

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 Minha vó Maria conga Sempre com um terço na mão Me ensinou uma oração Prá quebrar milonga Parecia uma canção Ela falava quimbunda Linguagem, lá da angola  Oração contra quebranto Trouxe com seu povo banto Pena que não se ensina na escola -“tu tens quebranto,  Dois te puseram, três hão de tirar.  De onde este mal veio  Para lá torne a voltar.  Mando embora esse quebranto Em nome das três pessoas da santíssima trindade  Que é o pai, o filho e o espírito santo. Lanço fora essa maldade  Ámem” “quem pode mais do que Deus?” - NIGUEM! Minha vó Maria conga me dizia: Quer de noite, quer de dia Tu “tem” um anjo, menino! Um exú, um anjo negro Que tem zelo e carinho Vai abrindo os teus caminhos Então reza! “santo anjo do senhor Meu zeloso guardador, Se a ti me confiou A piedade divina, Sempre me rege, Sempre me guarde, Me governe Me ilumine, amém E quem pode mais do que deus? NINGUEM! Copyright © 2024 by Emanuel Galvão All rights reserved.

Caixa de Pandora (Emanuel Galvão)

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"...as pessoas podiam fechar os olhos diante da grandeza,  do assustador, da beleza, e podiam tapar os ouvidos  diante da melodia ou de palavras sedutoras. Mas não podiam escapar ao aroma.  Pois o aroma é um irmão da respiração  - ele penetra nas pessoas, elas não podem escapar-lhe caso queiram viver. E bem para dentro delas é que vai o aroma,  diretamente para o coração, distinguindo lá categoricamente entre atração e menosprezo, nojo e prazer,  amor e ódio.  Quem dominasse os odores dominaria o coração das pessoas." Trecho de O Perfume - Patrick Suskind Eu sei ler teu corpo Não pense mal de mim Sou feiticeira sim Mas da porção do bem Me quer? De Zeus  Com todo dote Sou mulher semelhante as deusas imortais Mulher com algo mais Assim me fez Hefesto Não digas que não presto Sou da porção do bem Me quer? Se me quer, acredite O desejo indomável quem me deu foi Afrodite Prendada, feita para amar...

Delícia (Patricia Vieira)

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Sua alegria É igual a melancia, Quanto mais a  gente come Mais se delicia! Copyright © 2018 by Patrícia Vieira All rights reserved.

Brincadeira (Mírian Monte)

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Foi brincar de lua, Percebeu-se nua, Em meio às estrelas E conchas do mar Umas maldiziam, Em tom de cochicho, O puro capricho De se revelar Dela se queixavam, Outras, amiúde, Por sua atitude De se desnudar E argumentavam Que não poderia Inspirar solfejos À brisa do mar Mas a lua cheia Tão resplandecente Estava indiferente E decidiu brilhar No fundo, sabia Que sua ousadia Só despertaria Sonhos de mudar Que agradeceriam Em fase derradeira Pela brincadeira De iluminar.

Senhora dos Prazeres (Ronaldo de Andrade / Mácleim)

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                                                                        Rainha de terra e mar Senhora do azul do céu Iara da Mundaú Sereia das enseadas Mãe d’água de Maceió Sua graça é dos prazeres Ó senhora das auroras Estrela da madrugada Que ilumina a cidade Para dançar e tocarem Bois e tambores nas ruas De lá da Ponta da Terra Te rendemos homenagens Ó Iá da prosperidade Mãe dos homens de fé Jangadeiros, Trapicheiros És também a flor do amor Que adorna os terreiros Encarnados da paixão No Poço e no Jaraguá Minha Mestra e Contra Mestra Pastorinha do presépio Diana do pastoril Com manto faixa e coroa E sete rosas na mão Tanta graça, tanto mimo Tá no badalar dos sinos Nas torres perto de Deus Da catedral onde moras Ao brilho de sol e lua Nos temporais e no estio Encantai...

MEU CHÃO: NORDESTE (Emanuel Galvão)

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Tanto mais me aproximo do meu chão Mais escuto no ar uma canção Como hino trazido pelo vento Que me faz lembrar todo momento O torrão ardente que me deste A brisa que sopra em meu nordeste. Tanto mais me aproximo do meu chão Mais me pego a fazer uma oração Pra que nunca me esqueça dessa raiz Que apesar de desprezado no país Tem cultura bela e inconteste Essa gente que habita o meu nordeste. Tanto mais me aproximo do meu chão Mais me arde no peito uma paixão Um amor tão quente quanto o sol Colorindo o céu num arrebol Descansando seu brilho no oeste Vai se pondo o sol do meu nordeste. Tanto mais me aproximo do meu chão Mais me dói essa perversa agressão De que somos um povo ignorante Que balança a cabeça a todo instante Se não nos conhece, não se preste A escarnecer assim do meu nordeste. Tanto mais me aproximo do meu chão Gonzaga, Padre Cicero, Lampião Patativa do Assaré, “o inteligente” Representam bem mais a minha gente Não carece de aprovação lá ...