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Minha Vó Maria Conga (Emanuel Galvão)

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 Minha vó Maria conga Sempre com um terço na mão Me ensinou uma oração Prá quebrar milonga Parecia uma canção Ela falava quimbunda Linguagem, lá da angola  Oração contra quebranto Trouxe com seu povo banto Pena que não se ensina na escola -“tu tens quebranto,  Dois te puseram, três hão de tirar.  De onde este mal veio  Para lá torne a voltar.  Mando embora esse quebranto Em nome das três pessoas da santíssima trindade  Que é o pai, o filho e o espírito santo. Lanço fora essa maldade  Ámem” “quem pode mais do que Deus?” - NIGUEM! Minha vó Maria conga me dizia: Quer de noite, quer de dia Tu “tem” um anjo, menino! Um exú, um anjo negro Que tem zelo e carinho Vai abrindo os teus caminhos Então reza! “santo anjo do senhor Meu zeloso guardador, Se a ti me confiou A piedade divina, Sempre me rege, Sempre me guarde, Me governe Me ilumine, amém E quem pode mais do que deus? NINGUEM! Copyright © 2024 by Emanuel Galvão All rights reserved.

O Que é Morrer de Sede em Frente ao Mar? (Fernando Tenório)

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Carlos saiu para passear. Embora avesso às saídas no fim de tarde de sábado resolveu, por obra do destino ou acaso, ver o mar. Experimentou a brisa no rosto como há muito não fazia. Olhou para o azul do céu e lembrou-se dos olhos de um passado que ainda mexe. Mexe mais que ressaca de mar revolto, tem poder maior que o da água na arrebentação, a qual pode,apesar da sua fluidez, levar tudo consigo.

O Homem Vestido de Sol (Fabrício Carpinejar)

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Meu rei, o sertão nunca virou mar, mas palavras dos seus livros feitos para mirar longe e infinito, como canções de guerrear. E a palavra virou brasa e a brasa virou brasão de uma carta que só será aberta agora com sua morte.

Norte, não! NORDESTE! (Felipe Chaves Guimarães)

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Nascido em Maceió/Alagoas, quis a vida me levar, me alfabetizar e me criar na Ponta da Praia/Santos/São Paulo. Cresci como aqueles meninos que moram no “Sul” de um Brasil que me diziam que era dividido em somente duas regiões.

O Barquinho (Jurandir Bozo)

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Escorre em meu peito Um restinho de água do rio Junto a uma dolorosa saudade De quem nunca fui E fico imaginando Enquanto goteja meus olhos As poucas águas do rio Que ainda carrego no peito Assim por vezes saudade e eu rio Por vezes dor e eu rio também Eu rio da vida observando suas margens Que nunca passam ou escorem

Os Votos (Sérgio Jockymann)

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'Pois desejo primeiro que você ame e que amando, seja também amado. E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo não guarde mágoa. Desejo depois que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar. Desejo também que tenha amigos e que mesmo maus e inconseqüentes sejam corajosos e fiéis. E que em pelo menos um deles você possa confiar e que confiando não duvide de sua confiança. E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos nem poucos, mas na medida exata para que algumas vezes você interprele a respeito de suas próprias certezas. E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo para que você não se sinta demasiadamente seguro. Desejo depois que você seja útil, não insubstituívelmente útil mas razoavelmente útil. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé. Desejo ainda que você seja tolerante, não com que os que erram pouco, porque isso é fácil, ...