Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Os Leitores (Emanuel Galvão)



Os tidos normais
Leem com os olhos
A paisagem pelas palavras
Criadas

Os cegos
Leem com dedos
E com bastante tato
Percorrem os corpos das páginas
De letras tatuadas

Os surdos
Leem as libras
Os livros
E os lábios

Os emotivos
Têm seus motivos
Para lerem sinestesicamente
Hão de concordar aos sábios

Os malucos como eu
Que a vida tanto inquieta
No ofício de ser poeta
Despretensiosamente
Lê o que outro sente

E os amantes
Ao contrário das cartomantes
Das quiromantes
Leem além das cartas e das mãos
O que não está oculto ao coração
Algo que do corpo se revele
Leem os desejos segredados...
Em cada tipo de pele.


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All rights reserved.

Elogio ao Desejo & Outras Palavras / Emanuel Galvão,
Maceió - AL. - Quadrioffice Editora, Quatro Barras, PR, 2015.
Pag. 36

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