Vida Subjuntiva (Emanuel Galvão)

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Foto: Eduardo Matysiak / Futurapress / Folhapress E se essa rua fosse minha E se a gente brincasse E se a bola ninguém furasse E se nossa trave seu João não chutasse Se na pistola ninguém pegasse Se o policial no menino preto não atirasse   Se essa rua fosse minha E nela ninguém mandasse Parar, quando a gente passasse E os documentos mostrasse E nossa mão se levantasse E nossa voz não calasse   Se essa rua fosse minha E a gente se rebelasse Entendendo a luta de classe E da política analisasse Sua cruel e podre face E acabasse o disfarce Atacando quem atacasse A gente multiplicasse E por força desse repasse Toda opressão cessasse   E se essa rua fosse minha Não tua! Eu não morava na rua Eu não dormia na praça Não mostrava a pele nua Não vestia a minha desgraça   Ah! se você entendesse Se você percebesse Se se compadecesse E intercedesse E retrocedesse   Talvez meu mundo Não fosse tão im...

Ventania (Verônica Ferreira)



Esse vento
Que entrou pelas janelas abertas
Vem de longe, muito longe,
Lá onde moram os sonhos.
Ele encheu a casa
De aromas da infância,
Cheiro de frutas
Cheiro de mar, de férias
E de algumas fragrâncias
Que não se encontra mais.
A força desse vento
Abriu algumas gavetas
Que estavam fechadas e esquecidas,
Espalhou pela casa
Fotos, papeis, recordações...
Deixando rostos queridos estampados nas paredes,
Além de aromas,
O Vento trouxe sons de antigas canções e vozes
Que se espalharam por toda parte.
Fui rodando pela casa inteira,
Movida por sua força,
Como se estivesse dançando
E atravessei paredes,
Entrei em lugares já vividos,
Encontrei-me com o ontem
Como se hoje fizesse sentido.
Parei na porta da saida
Mas, não vi a rua,
Olhei para dentro da casa
E entre fotos, papeis, recordações, brinquedos de criança,
Canções e aromas...
Lá estava "eu"
Encolhida num canto da sala,
Olhamo-nos profundamente
Como quem encontra um grande amor.



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