Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

Imagem
Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Meu Canto (Emanuel Galvão)




Não lembro de ter me colocado
Nesse mundo tão belo, a passeio.
Não vejo essa vida, qual recreio,
Pra viver minha vida recalcado.
Eu prefiro partir mais que depressa
Vida assim, inútil, não interessa,
Pra não dizer, melhor ficar calado,
Que poeta sem voz e segregado,
Esta vida não vive, atravessa.

Da viola só tenho as dez cordas
E das horas do dia vinte e quatro.
Das esquinas e das praças meu teatro,
Sem luz, sem plateia e sem hordas.
Solto apenas meu canto de protesto,
Pois na vida o que eu mais detesto,
É aquele que apenas só concorda,
O avesso do pano de quem borda,
É meu canto irritante e manifesto.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

TERCETOS (Olavo Bilac)

BORBOLETAS (Mario Quintana)

A Reunião dos Bichos (Antônio Francisco)

Essa Negra Fulô (Jorge de Lima)

Se Voltares (Rogaciano Leite)

ESCUTATÓRIA (Rubem Alves)

A FLOR E A FONTE (Vicente de Carvalho)

Delírio (Olavo Bilac)