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Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

Toda Matéria (Mírian Monte)

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Foto by: Maria Thereza Monte Borges de Souza Pode a morte ser como as velas Navegando o Mucuripe Da canção que ora é festa Com refrão que sempre é triste Ou a flor da moça bela Arremessada do arrecife Para flutuar nas ondas Com a fé que ainda existe Pode a morte ser o gozo Ou o beijo dos amantes Pode a morte ser desgosto De lembrar como era antes Pode a morte ser o sonho Que não se realizou Pode ser o desconforto Do medo e do desamor Sinto a morte percorrendo Minhas veias e artérias E por isso tenho pressa De viver toda matéria E até que eu pereça Provarei cada sabor E quem sabe aconteça O que dizem ser amor

Harmonia (Marla de Queiroz)

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São delicados e sutis os fios da harmonia. Ao contrário da alegria, do entusiasmo, ela é uma das sensações mais discretas. Sua voz é quase imperceptível, feito outra qualidade de silêncio. Ela não é uma gargalhada, é aquele sorriso por dentro, uma sensação gostosa de estar no lugar certo, na hora adequada. Feito um arco-íris depois da tempestade, sua beleza é adornada pelo equilíbrio dentro do derramamento. É um adestramento dos fantasmas internos. A possibilidade de aprimorar os pensamentos. É quase como não pensar. Simplesmente, sentimos uma ligação profunda com tudo, um denso bem-estar. Como se tivéssemos uma secreta intimidade com o mundo, certa cumplicidade com o tempo. É como se observássemos descompromissados, ela é uma descontração. Como se o coração batesse pelo corpo todo, mas sem extremada euforia. Uma tranqüilidade dilatada no peito, o olhar satisfeito, a mente entendendo que já nem precisa entender o que é prosa ou poesia. E o mundo inteiro cabendo num abraço. E uma fi

Não Há Elogio Maior Que o Desejo (Felipe Machado)

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Não há elogio maior do que desejar alguém. Há adjetivos que podem simular o desejo, há qualidades que podem ser destacadas em uma frase simpática ou sensual inserida no meio do diálogo rotineiro. Mas o desejo, mesmo, aquele que move montanhas e inspira loucuras, esse só se diz com o com os olhos. Ou com o corpo. (Não é à toa que em inglês ‘desire’ (desejo) rima com fire (fogo), assim como não é à toa que em português rima com ‘beijo’…) A Wikipedia define desejo como “uma tensão em direção a um fim considerado pela pessoa que deseja como uma fonte de satisfação”. Mas é sério que alguém acha que é possível expressar o desejo em palavras? Eu seria mais pragmático. Desejo é querer muito, muito, muito… alguém. Há muitas maneiras de encarar o desejo. Há o desejo material, aquele que busca satisfazer nossas necessidades consumistas. Há o desejo espiritual, a vontade de encontrar um equilíbrio utópico entre as forças que regem a existência. Há o desejo por justiça – ou vingança -,

Elogio ao Desejo (Emanuel Galvão)

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A ansiedade toma conta do meu corpo... Espero que teus ditos machuquem minha alma ou provoque gozo. Não entendo a demora das palavras... Mas, acredito que ao ler-me... pretensiosamente teu membro responda, e o sêmen seja a tinta das tuas letras e apresente em mim  um desejo incontrolável de comer tuas frases  e de vê-lo.                                                 (S.L.) A tua nudez me fascina,  E ao ver-te nua de forma tão traquina, Lanço fora as vestes de minha timidez, Para escrever com lábios em tua linda tez. A lascívia, assim como o desejo Não convêm aos sábios... Prova então da língua, cheia de desejo, Louca e sem palavras, nos teus grandes E pequenos lábios. Quase sinto o gosto do verbo em carne viva Pois que paixão tentadora, voraz e tão lasciva Não tem que ter senso, tampouco pejo, Entrego então meu corpo, todo ao teu desejo. Ao ver-te nua... Visão do paraíso... Não sei se faço verso, trovo, improviso Eu, no entanto, emudeço, calo Não se

Olhos (Ademir João da Silva)

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Olhos que prendem como o visgo prende o passarinho Olhos que fazem perder-se o íntimo Olhos nítidos que fisgam para o seu cristalino Neste lago há redemoinhos Que engolem o coração Tesão, tensão, paixão Olhos da medusa? Com certeza olhos da deusa Olhos vivos Olhos craúna O que há no fundo destas minas? Rubis...topázio...destinos Que destino? Náufrago é, quem mergulha neles. Copyright © 2019 by Ademir João da Silva All rights reserved.