Invenção de Orfeu UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] (Jorge de Lima)

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Catástrofe ambiental provocada pela Braskem [ [UM MONSTRO FLUI NESSE POEMA] Um monstro flui nesse poema feito de úmido sal-gema. A abóbada estreita mana a loucura cotidiana. Pra me salvar da loucura como sal-gema. Eis a cura. O ar imenso amadurece, a água nasce, a pedra cresce. Mas desde quando esse rio corre no leito vazio? Vede que arrasta cabeças, frontes sumidas, espessas. E são minhas as medusas, cabeças de estranhas musas. Mas nem tristeza e alegria cindem a noite, do dia. Se vós não tendes sal-gema, não entreis nesse poema.           Invenção de Orfeu, Canto Quarto, poema I

Norte, não! NORDESTE! (Felipe Chaves Guimarães)



Nascido em Maceió/Alagoas, quis a vida me levar, me alfabetizar e me criar na Ponta da Praia/Santos/São Paulo. Cresci como aqueles meninos que moram no “Sul” de um Brasil que me diziam que era dividido em somente duas regiões.


Depois a vida mudou de ideia e me levou de volta pro “Norte”. E nessa volta pra casa, fui recebido por Fabiano (Graciliano Ramos), Severino (João Cabral de Melo Neto) e pela dupla Chicó e João Grilo (Ariano Suassuna). O quarteto me deu logo uma tapa tão bem dada que aprendi num instante a chamar porrada de lapada. E aprendi a berrar aos outros: Norte não! NORDESTE!

Foi num almoço de domingo, na casa do meu avô Tó, que eu peguei emprestado “Vidas Secas”, “Morte e Vida Severina” e “Auto da Compadecida”. E já se foram quase 15 anos daqueles dias em que esses três livros fizeram eu me (re)conhecer.

Já faz um tempo que Graciliano foi brincar com baleia (1953) e que João Cabral terminou sua jornada beirando o rio (1999). Agora foi a vez de Ariano, que encontrou a pouco com a sua Compadecida.

Dos três, a morte de Ariano é a que estou vendo. E vivendo.

Em nome do mestre que hoje se foi, agradeço demais aos outros dois. Estes três nordestinos me fizeram ser. Ser-tão!







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