MEUS ESTIMADOS AMIGOS - DIA DO POETA (Emanuel Galvão)

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Para começar a semana Visitei meu amigo Mário Refiro-me ao Quintana E para meu poema  ficar danado de bom Parceria com Drummond Para ele não conter vícios Parceria com Vinicius E ser amigo do rei Nessa grande brincadeira Acompanhei Manuel Bandeira Também entre as pedras Cresceu minha poesia Cresceu com essa menina Grande Cora Coralina Poesia não precisa de motivo Basta ler em Ledo Ivo Quero iluminar de cima Acendendo lampiões Como fez Jorge de Lima Fazer um poema elegante Sofisticado, bacana Como faz o Afonso O Romano de Sant’anna Fazer poesia que arde Como faz Bruna Lombardi Não escrever coisa atoa Como fez Fernado Pessoa Fazer veros de quilate Como o Olavo Bilac Poema que seja casa Grande como uma mansão Como ergueu Gonzaga Leão Poema de morte e vida Severina vida sem teto Trabalhar no mesmo tema Faze grande o meu poema Como João Cabral de melo Neto Poema que a boca escarra E que escreve com a mão Que afaga e apedreja Sem flores e seus arranjos Como fez Augusto dos Anjos E na Can...

Eu não sou fraca, sou fraquíssima! (Adriana Moraes)


Eu cresci em meio a mulheres extremamente fortes. Fortes à sua maneira.
Entre minha mãe, minhas tias e as agregadas da família, vi mulheres que tomavam decisões, matavam leões, matavam e morriam diariamente.
Assisti essas mulheres defendendo suas crias de um estranho mundo que sempre foi cruel com elas mesmas.
Testemunhei, despercebida, as lutas diárias e insanas delas para ter pão na mesa, para ter educação para suas crias, para ter um teto sobre suas cabeças. Essa força nas mulheres que eu conheço é tão natural que nem chega a ser qualidade, é necessidade.
Essas mesmas mulheres, apesar da força, são machistas. Mas até isso me serviu de lição.
Aprendi que o machismo e a opressão que ele nos causa, vem em parte, de nós mesmas. Nós estabelecemos de algum modo, as relações de gênero, nós construímos também essa cultura.

Perdoei e perdoou o machismo das mulheres mais velhas da minha família. Mas acho inconcebível a cultura machista que é pregada diariamente, quase como um mantra nas redes sociais. Homens são “chave mestras”, mulheres são “putas”. Homens são “garanhões”, “pegadores”. Mulheres são “cachorras, galinhas, vacas, piranhas”, além de “piriguetes, vagabundas” ou qualquer coisa que o valha. E essa mesma cultura não é disseminada exclusivamente por homens não. As mulheres são vitimas e algozes ao mesmo tempo.
Hoje, não quero “parabenizar” minhas amigas. Hoje quero exigir o direito de ser quem eu quiser ser. O sagrado direito ao meu corpo. O sagrado direito de mostra-lo ou escondê-lo. De ter prazer. Quero o direito irrefutável de ser a vítima e não vilã em um ato violento.
Falo palavrão, falo alto, bebo,  uso maquiagem e reclamo do meu peso diariamente. Sou mãe feliz e ainda assim, desejo, às vezes, uma ilha deserta.
Nas homenagens que me renderam hoje, no dia internacional da mulher, não me reconheci em quase nenhuma delas. Visto que não tenho tantas virtudes. As virtudes que eu tenho são por eu ser humana, mas não por eu ser mulher (ainda assim obrigada pelas homenagens). O dia de hoje representa mais um dia de luta. Não luta contra homens, mas luta para sermos mulheres e pronto.

Entre panelas e volante, batom e retórica, esmaltes e tintas, gasolina e perfumes, ceras quentes e pelos, filhos, companheiros e colegas de trabalho, livros e ferramentas, saliva e suor, sou Mulher fraca e forte. Sou humana.

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