Vida Subjuntiva (Emanuel Galvão)

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Foto: Eduardo Matysiak / Futurapress / Folhapress E se essa rua fosse minha E se a gente brincasse E se a bola ninguém furasse E se nossa trave seu João não chutasse Se na pistola ninguém pegasse Se o policial no menino preto não atirasse   Se essa rua fosse minha E nela ninguém mandasse Parar, quando a gente passasse E os documentos mostrasse E nossa mão se levantasse E nossa voz não calasse   Se essa rua fosse minha E a gente se rebelasse Entendendo a luta de classe E da política analisasse Sua cruel e podre face E acabasse o disfarce Atacando quem atacasse A gente multiplicasse E por força desse repasse Toda opressão cessasse   E se essa rua fosse minha Não tua! Eu não morava na rua Eu não dormia na praça Não mostrava a pele nua Não vestia a minha desgraça   Ah! se você entendesse Se você percebesse Se se compadecesse E intercedesse E retrocedesse   Talvez meu mundo Não fosse tão im...

VELHA MANJEDOURA (Luciano Barbosa)




  Noite fria e escura; céu tão triste.
Tanto silêncio: as ruas estão de luto,
A lua e estrelas lançam um brilho bruto,
Quase parece que o viver não existe.

O vento nada tinha de contente.
As árvores, quietas, pareciam mortas.
Das casas quase não se vêem as portas
Pela falta de luz em sua frente.

Quanta paz, quanta treva, quanta esperança;
Palhas amontoadas tornam-se leito,
Tudo no mais sublime amor é feito,
Para a chegada da Vida e da Bonança.

Tão Rico, mas por nos amar, fez-se pobre;
Por ser luz, foi melhor nascer nas trevas;
Um Rei nascido sobre secas ervas;
Velha manjedoura, que local tão nobre
 

Que rude local: escuro e de oculta ternura,
Esquecido pelo riso, sujo e apertado.
Meu coração é tão qual assemelhado,
Espera essa Luz Eternamente pura.

Copyright © 2001 by Luciano Barbosa
All rights reserved.


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