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Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

R (Emanuel Galvão)

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Tu dizes rotina Eu te digo ritual Tu dizes ridículo Eu te digo romance

ENCHENTES E VAZANTES (Emanuel Galvão)

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Meu coração é uma rocha em frente ao mar Que rebenta em mim, e me faz bem e me faz mal Acentuando assim, essa sede de amar Entrego-me pois, as espumas da paixão

ORTOGRAFIA TAMBÉM É GENTE (Bernardo Soares - heteronômio de Fernando Pessoa)

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"Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintática, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.

E "Ô" ou "O" (Ricardo Mello)

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Se fecha bem é catota Se abre então é patota De novo e aperta e é gota Outra vez solta e faz bota As letras mudam de som Tem muitos tons nossa voz Seja fechada ou aberta Elas só partem de nós

ARTE (Paulo Leminski)

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"As pessoas sem imaginação estão sempre querendo que a arte sirva para alguma coisa. Servir. Prestar. [...] Dar lucro. Não enxergam que a arte [...] é a única chance que o homem tem de vivenciar a experiência de um mundo da liberdade, além da necessidade."

CONTO DE AREIA (Romildo S. Bastos / Toninho Nascimento)

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Clara Nunes É água no mar, é maré cheia ô mareia ô, mareia É água no mar... Contam que toda tristeza Que tem na Bahia Nasceu de uns olhos morenos Molhados de mar.

MENINO (Natália Monte)

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Menino, não me olha no olho Senão, bamba, me encolho E mil sorrisos hei de dar, Minhas bochechas vão corar Menino, não me fala assim, Teu semblante é doce, Como tão solto fosse Teu sorriso de marfim