Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

Poema Didático (Mia Couto)



Já tive um país pequeno

tão pequeno

que andava descalço dentro de mim.

Um país tão magro

que no seu firmamento

não cabia senão uma estrela menina,

tão tímida e delicada

que só por dentro brilhava.

Eu tive um país

escrito sem maiúscula.

Não tinha fundos

para pagar a um herói.

Não tinha panos

para costurar bandeira.

Nem solenidade

para entoar um hino.

Mas tinha pão e esperança

para os viventes

e sonhos para os nascentes.

Eu tive um país pequeno,

tão pequeno

que não cabia no mundo.






Mia Couto, No livro Tradutor de Chuvas, publicado em 2011, reúne mais de 60 poemas.

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