Vida Subjuntiva (Emanuel Galvão)

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Foto: Eduardo Matysiak / Futurapress / Folhapress E se essa rua fosse minha E se a gente brincasse E se a bola ninguém furasse E se nossa trave seu João não chutasse Se na pistola ninguém pegasse Se o policial no menino preto não atirasse   Se essa rua fosse minha E nela ninguém mandasse Parar, quando a gente passasse E os documentos mostrasse E nossa mão se levantasse E nossa voz não calasse   Se essa rua fosse minha E a gente se rebelasse Entendendo a luta de classe E da política analisasse Sua cruel e podre face E acabasse o disfarce Atacando quem atacasse A gente multiplicasse E por força desse repasse Toda opressão cessasse   E se essa rua fosse minha Não tua! Eu não morava na rua Eu não dormia na praça Não mostrava a pele nua Não vestia a minha desgraça   Ah! se você entendesse Se você percebesse Se se compadecesse E intercedesse E retrocedesse   Talvez meu mundo Não fosse tão im...

Serra da Barriga (Emanuel Galvão)



Zumbi do alto da serra da barriga
Não se entregou, nem se atirou.
Zumbi foi traído e degolado
E o foi, para ficar calado,
Mas seu ideal não calou.
Palmares não foi lenda
Palmares foi realidade.
Palmares não foi apenas berço
Mesmo que o preto ou o branco
Não compreendam
Sua luta para além da eternidade.
Palmares não foi apenas berço,
Palmares foi ama de leite,
Foi colo e barriga,
Serra que ainda hoje abriga
Sonhos de liberdade!

*Do livro Elogio ao Desejo & Outras Palavras (página 101)

Copyright © 2015 by Emanuel Galvão
All rights reserved.

*Foto Genisete Lucena Sarmento

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