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Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

Ao Góes (Emanuel Galvão)

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“Plantei um pé de saudade E nunca mais ele morreu”                            mgóes Ele vivia driblando a solidão mente sã corpo não era do tipo de poeta que costura versos com a linha do equador eu costurei seus versos num poema de amor sua poesia nasceu para sentir, e hoje mais do que nunca sente... e sente muito sua ausência e Deus lhe deu de presente um pedaço de céu azul escrito em baixo: estrelado para cima. ele que era como Deus só que as avessas escrevia torto por linhas retas foi recebido por antigos poetas e escritores: Ascenso Ferreira, Hermilo Borba Filho, fez bonito frente aos conterrâneos Juarez Correia, Luiz Berto a doença ao Góes entregou... um poeta liberto. Copyright © 2018 by Emanuel Galvão All rights reserved.

Serra da Barriga (Jorge de Lima)

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Serra da Barriga! Barriga de negra-mina! As outras montanhas se cobrem de neve, de noiva, de nuvem, de verde! E tu, de Loanda, de panos-da-costa, de argolas, de contas, de quilombos! Serra da Barriga! Te vejo da casa em que nasci. Que medo danado de negro fujão! Serra da Barriga, buchuda, redonda, de jeito de mama, de anca, de ventre de negra! Mundaú te lambeu! Mundaú te lambeu! Cadê teus bumbuns, teus sambas, teus jongos? Serra da Barriga, Serra da Barriga, as tuas noites de mandinga, cheirando a maconha, cheirando a liamba? Os teus meio-dias: tibum nos peraus! Tibum nas lagoas! Pixains que saem secos, cobrindo sovacos de sucupira, barrigas de baraúna! Mundaú te lambeu! Mundaú te lambeu! De noite: tantãs, curros-curros e bumbas, batuques e baques! E bumbas! E cucas: ô ô! E bantos: ê ê Aqui não há cangas, nem troncos, nem banzos! Aqui é Zumbi! Barriga da África! Serra da minha terra! Te vejo bulindo, mexendo, gozando Zumbi! Depois, minha

'Comprometa-se Com a Felicidade' (Marla de Queiroz)

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A vida não é fácil. Ninguém nos garantiu que seria. Viver exige esforço, gratidão e autoconhecimento para ser mais leve. Autopiedade não tira ninguém da tristeza. A culpa e o arrependimento não mudam o passado. O que pode ser feito daqui para frente é onde mora o crescimento. Sofrimentos podem ser grandes ensinamentos e não motivos para lamentações infindáveis. Ter pena de si mesmo é um grande autodesprezo porque não temos pena de quem admiramos. A solitude é saudável. A solidão vicia e só nos invade quando não somos solidários. Pedir ajuda é um ato de humildade, mas não espere que o Outro resolva as coisas para você: até para levantar da cama diariamente, é necessário um esforço próprio. Temos em nossas mãos o poder da superação, do renascimento. A ansiedade nos deixa preocupados, a ação nos ocupa e nos faz produtivos. E o amor, este precisa alcançar dimensões muito maiores, começando por incluir nós mesmos através do perdão. Quando não estamos nos gostando, estamos agindo destru

Ventania (Verônica Ferreira)

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Esse vento Que entrou pelas janelas abertas Vem de longe, muito longe, Lá onde moram os sonhos. Ele encheu a casa De aromas da infância, Cheiro de frutas Cheiro de mar, de férias E de algumas fragrâncias Que não se encontra mais. A força desse vento Abriu algumas gavetas Que estavam fechadas e esquecidas, Espalhou pela casa Fotos, papeis, recordações... Deixando rostos queridos estampados nas paredes, Além de aromas, O Vento trouxe sons de antigas canções e vozes Que se espalharam por toda parte. Fui rodando pela casa inteira, Movida por sua força, Como se estivesse dançando E atravessei paredes, Entrei em lugares já vividos, Encontrei-me com o ontem Como se hoje fizesse sentido. Parei na porta da saida Mas, não vi a rua, Olhei para dentro da casa E entre fotos, papeis, recordações, brinquedos de criança, Canções e aromas... Lá estava "eu" Encolhida num canto da sala, Olhamo-nos profundamente Como quem encontra um grande amor. Copyr

(malukisses) Múcio Góes

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ela me beijou feito louca e me deixou com esse gosto de coração na boca

Soraia Sereia (Paulo Miranda Barreto)

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‘’a vida é tão curta quanto a tua saia’’ mas inda te enfurnas no quarto dos fundos e segredas versos à uma samambaia alheia a beleza de bilhões de mundos que pairam no espaço infinito, Soraia enquanto teu corpo perfeito definha enquanto teu corpo moreno desmaia de tédio na cama em que dormes sozinha. . . à espera da morte, vives de tocaia não sabes o nome da tua vizinha se a lua está cheia, se o sol inda raia ou se a humanidade rasteja ou caminha e o que só deus sabe e ninguém adivinha é o quanto te amo . . . te amo Soraia! e tudo eu faria pra que fosses minha moveria os montes de todo o Himalaia mas, tu sequer lembras da força que tinhas dos velhos amigos, da casa na praia de nós vendo estrelas, catando conchinhas sentados na areia e ouvindo Tim Maia. . . lembro-me de tudo, de cada coisinha das tuas blusinhas tomara que caia. . . dos teus lindos brincos de água-marinha de todas as flores que te dei, Soraia mas, agora o medo dentro em ti se apinha te rói ,te espezi

Folhas Mortas (Arnoldo Wiecheteck)

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Desprende-se uma folha amarelada, Logo outra lhe sucede e outras mais, Na calma de uma tarde acizentada, Como suspiros, lágrimas e áis. Folhas mortas, que tombam nas estradas, Na balada dos ritmos estivais, Levadas pelos ventos, em derrocada, Rolam, bailam, voam em espirais. Também sou como a folha desprendida, Rolando pelo outono dessa vida, Vagando com meu sonho já incolor. Caí numa alameda sossegada, Num êxtase de uma noite enluarada, Entre um beijo e uma lágrima de amor.