Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacienñtes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

Última Carta (Emanuel Galvão)


É-me difícil escrever-te com ternura
Movido assim por desgastada saudade
Culpando talvez a desventura
De tê-la protegido da verdade

Untei teus lábios com adocicada saliva
E pus cautela nas mãos despudoradas
Que promoveram desordens lascivas
Nos seios de tantas outras namoradas

Quisera novamente envolver-me em teu leito
Lamber-te o umbigo, cravar-te os dentes
Mas, é cruel fingir que arde ainda no peito

A chama, o fogo dos apetites indecentes
Com o desejo um passo à frente do remorso
Amei-te no leito, mas no peito, já não o posso.

Copyright © 2007, 2012, Emanuel Galvão. 
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