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Um Amor (Emanuel Galvão)

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              Alguém já me havia dito que a vida é bem representada pelo aparelho que fica ao lado do leito dos pacientes, principalmente os da UTI. Aquele que faz um sobe-desce e determina o ritmo do coração, um gráfico para dizer a quantas anda nosso batimento cardíaco.  A vida tem seus altos e baixos, vejam, suas árduas subidas e os santos ajudando ladeira a baixo, como diz o ditado.            Naquele aparelho o que não se quer é uma linha reta, horizontal a sinalizar que descansamos. E na batalha da vida, pela vida e com a vida, os amores. Esses que também tem aclives e declives e podem ser difíceis para alguns, como estas palavras. Afinal, a vida não é para amadores. E eu direi: a vida é para amantes. Esses que de conversa em conversa, vão alimentado de saudades um relacionamento, esses temperados com sorrisos, carinhos e gentilezas.            São esses amores silenciosos, com menos boca e mais ouvidos que conquistam a eternidade. Saber ouvir é uma arte, saber ouvir e sorrir  é

O Mundo (Eduardo Galeano)

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Um homem da aldeia de Negu no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas. — O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.

O Professor Reinventado (Emanuel Galvão)

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Com um trabalho muito organizado Do plano de aula a sua caderneta Seja lendo para ficar atualizado Ou fazendo uso incansável da caneta Um verdadeiro empreendedor Que do ofício não se ausenta Por ser um agente transformador O professor sempre se reinventa   Adequando-se as regras da legislação Com sua rígida e pesada norma Acreditando que com a educação O mundo aprimora e transforma Aguerrido e muito batalhador Toda intempérie ele enfrenta Por ser um agente transformador O professor sempre se reinventa   Com o aprendizado sempre em mente Na aula a distância ou presencial Se preciso for, até alternadamente Seu objetivo último ou principal É ser um excelente formador De tudo se utiliza e experimenta Por ser um agente transformador O professor sempre se reinventa   Carente de uma maior valorização Não se acomoda ou se entrega Tem na sua abnegada profissão Amor que cultiva e sempre rega Porque quando se faz com amor A recompensa

Minha Arma é a Esperança (Rosilania Macedo)

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*Paulo Freire 100 anos "A esperança faz parte da natureza humana." O ser humano não deve negá-la. Ela "uma espécie de ímpeto natural possível, " necessária. Ele, o ser humano, deve esperanciá-la. Mesmo "em torno de um sem-número de problemas", A "luta política em favor da recriação da sociedade" justa, Deve ter sempre lugar nas práticas éticas e humanas, a favor daqueles que na sociedade vivem condições injustas. "A educação é política", Independentemente do lado em que se está! A diferença é que um lado quer justiça social e o outro que a sociedade fique como estar. A educação é uma forma de intervenção no mundo." 'se refere "as mudanças radicais" para o bem, não a disputa Com isso, a nossa arma deve ser a esperança. Vem pra luta! *As partes aspeadas foram retiradas da obra Pedagogia da Autonomia imagem de Freire: https://www.asle.netbr/as-licoes-de-paulo-freire/ Rosilania Macedo da Silva é Pedagoga e mestre em Educa

Poema Didático (Mia Couto)

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Já tive um país pequeno tão pequeno que andava descalço dentro de mim. Um país tão magro que no seu firmamento não cabia senão uma estrela menina, tão tímida e delicada que só por dentro brilhava. Eu tive um país escrito sem maiúscula. Não tinha fundos para pagar a um herói. Não tinha panos para costurar bandeira. Nem solenidade para entoar um hino. Mas tinha pão e esperança para os viventes e sonhos para os nascentes. Eu tive um país pequeno, tão pequeno que não cabia no mundo. Mia Couto, No livro Tradutor de Chuvas, publicado em 2011, reúne mais de 60 poemas.

Intervalo (Carlos Pronzato)

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  Te tomo da mão Respiro teu aroma de metais Ferrugem ou carmim Tua boca é uma engrenagem frenética De flores Nosso intervalo é tão curto Que as palavras voam Como pregos cintilantes Em rosas de cobre Beijos martelados no alumínio Dos teus lábios A sirene interrompe A brisa do pátio E a paisagem do teu rosto Nos devolve ao estrondo À diária exploração Do cartão de ponto. Copyright © 2021 by Carlos Pronzato All rights reserved