Vida Subjuntiva (Emanuel Galvão)

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Foto: Eduardo Matysiak / Futurapress / Folhapress E se essa rua fosse minha E se a gente brincasse E se a bola ninguém furasse E se nossa trave seu João não chutasse Se na pistola ninguém pegasse Se o policial no menino preto não atirasse   Se essa rua fosse minha E nela ninguém mandasse Parar, quando a gente passasse E os documentos mostrasse E nossa mão se levantasse E nossa voz não calasse   Se essa rua fosse minha E a gente se rebelasse Entendendo a luta de classe E da política analisasse Sua cruel e podre face E acabasse o disfarce Atacando quem atacasse A gente multiplicasse E por força desse repasse Toda opressão cessasse   E se essa rua fosse minha Não tua! Eu não morava na rua Eu não dormia na praça Não mostrava a pele nua Não vestia a minha desgraça   Ah! se você entendesse Se você percebesse Se se compadecesse E intercedesse E retrocedesse   Talvez meu mundo Não fosse tão im...

Intervalo (Carlos Pronzato)

 


Te tomo da mão
Respiro teu aroma de metais
Ferrugem ou carmim
Tua boca é uma engrenagem frenética
De flores

Nosso intervalo é tão curto
Que as palavras voam
Como pregos cintilantes
Em rosas de cobre
Beijos martelados no alumínio
Dos teus lábios

A sirene interrompe
A brisa do pátio
E a paisagem do teu rosto

Nos devolve ao estrondo
À diária exploração
Do cartão de ponto.

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